Professor titular da Unifesp, ele teve “papel único” no crescimento das ciências biomédicas no Brasil (foto: Sociedade Brasileira de Microbiologia)

Morreu Luiz Rodolpho Travassos
31 de julho de 2020

Professor titular da Unifesp, ele teve “papel único” no crescimento das ciências biomédicas no Brasil

Morreu Luiz Rodolpho Travassos

Professor titular da Unifesp, ele teve “papel único” no crescimento das ciências biomédicas no Brasil

31 de julho de 2020

Professor titular da Unifesp, ele teve “papel único” no crescimento das ciências biomédicas no Brasil (foto: Sociedade Brasileira de Microbiologia)

 

Claudia Izique | Agência FAPESP – Luiz Rodolpho Raja Gabaglia Travassos, professor titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), faleceu no dia 30 de julho, aos 82 anos, vítima de infarto.

Travassos foi professor titular também na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor visitante na Columbia University e no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York, nos Estados Unidos.

Ocupou posições de liderança na Coordenação para o Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Era membro titular da Academia Brasileira de Ciências e membro honorário da Academia Nacional de Medicina e recebeu diversas honrarias científicas, incluindo as medalhas de Comendador e da Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico.

Travassos teve “papel único” no crescimento das ciências biomédicas no Brasil e foi “impulsionador” da ciência brasileira, afirma em nota a Sociedade Brasileira de Microbiologia (SBM). Publicou mais de 260 artigos científicos com mais de 10 mil citações e formou vários cientistas que atualmente ocupam posições de destaque no Brasil e no exterior.

Travassos foi pesquisador responsável em diversos Projetos Temáticos apoiados pela FAPESP, muitos deles ligados a pesquisas sobre atividades biológicas de peptídeos e peptidases em doenças infecciosas e câncer.

Este interesse de pesquisa o aproximou, em 2008, da Recepta Biopharma (ReceptaBio), empresa de biotecnologia dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento do câncer, que tem como diretor-presidente José Fernando Perez, diretor científico da FAPESP entre 1993 e 2005.

“Ele era uma pessoa absolutamente brilhante”, afirma Perez. Na ReceptaBio, Travassos identificou a ação antitumoral de um peptídeo que resultou em duas patentes, a primeira delas já aprovada e a segunda, sobre seus mecanismos de ação, em fase de análise.

Travassos começou a desenvolver pesquisas sobre imunologia no câncer no final dos anos 1970, no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, onde interagiu com o imunologista Lloyd Old, pioneiro nessa área de investigação. Old, coincidentemente, foi diretor do Ludwig Cancer Research, instituição parceira na fundação da ReceptaBio, em 2006. “Eu já o conhecia da FAPESP, mas a relação com Lloyd Old ajudou a fechar o círculo”, conta Perez.

A afinidade entre os dois ia além dos interesses de pesquisa: Travassos também era obcecado por Johann Sebastian Bach. “Antes das reuniões fazíamos verdadeiros duelos ouvindo as cantatas”, lembra Perez. No último encontro, em meados de março, antes do início da pandemia, o “duelo” foi embalado pela Cantata BWV 4 "Christ lag in Todesbanden".

 

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