Professor emérito da USP, Bosi foi uma referência na crítica literária brasileira e na luta pelos direitos humanos (foto: Cecília Bastos/Jornal da USP)

Morreu Alfredo Bosi, aos 84 anos
08 de abril de 2021

Professor emérito da USP, Bosi foi uma referência na crítica literária brasileira e na luta pelos direitos humanos

Morreu Alfredo Bosi, aos 84 anos

Professor emérito da USP, Bosi foi uma referência na crítica literária brasileira e na luta pelos direitos humanos

08 de abril de 2021

Professor emérito da USP, Bosi foi uma referência na crítica literária brasileira e na luta pelos direitos humanos (foto: Cecília Bastos/Jornal da USP)

 

Agência FAPESP – Morreu ontem (07/04), aos 84 anos, Alfredo Bosi, vítima da COVID-19. Ele foi professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e o sétimo ocupante da cadeira de número 12 da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2003.

Bosi foi uma referência na crítica literária brasileira. Publicou mais de 20 livros, entre eles a História Concisa da Literatura Brasileira (1970), uma obra considerada canônica, já na 52ª edição; O Ser e o Tempo da Poesia (1977), vencedor do Prêmio APCA de 1977; Dialética da Colonização (1992), ganhador do Prêmio Jabuti de 1993, do Prêmio Casa Grande & Senzala de 1993 e do Prêmio APCA de 1992; Machado de Assis: O Enigma do Olhar (1999), que também lhe valeu o Jabuti em 2000; Literatura e Resistência (2002); e Ideologia e Contraideologia (2010), entre outras.

“Ele foi uma emerência concreta. É uma perda inestimável do ponto de vista da literatura, da história e dos direitos humanos”, diz Paulo Martins, diretor da FFLCH. Bosi foi presidente do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns (1982-1984) e membro da Comissão de Justiça e Paz desde 1987.

“O Brasil perde uma de suas mais relevantes referências culturais e um dos grandes homens entre os que dedicaram a vida à defesa da democracia e dos direitos humanos. Mais do que nunca, o país precisa de personalidades como Bosi; sua falta será sentida”, afirma Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP.

Bosi nasceu em São Paulo, descendente de uma família de italianos. Formado em Letras (1960) e doutorado (1964) pela USP, dedicou os primeiros anos da vida acadêmica à literatura italiana. Na década de 1970, com a publicação de História Concisa da Literatura Brasileira, engajou-se definitivamente no ensino da literatura brasileira no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH-USP, onde tornou-se professor titular (1985).

Ocupou o cargo de diretor (1998 a 2001) e vice-diretor (1987 a 1997) do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, além de editor da revista Estudos Avançados (1989 a 2019) e coordenador do Programa Educação para a Cidadania (1991-1996). Coordenou a Comissão de Defesa da Universidade Pública (1998) e a Cátedra Lévi-Strauss (convênio com o Collège de France, de 1998 a 2004), presidiu a comissão que elaborou o Código de Ética da USP (2001), foi o primeiro presidente da Comissão de Ética da USP (2002 a 2003) e coordenou o Grupo de Estudos Literatura e Cultura (2006 a 2013).

Bosi realizou pesquisas nos Estados Unidos como fellow da John Simon Guggenhein Memorial Foundation e, em 1990, foi pesquisador do Institut des Textes et des Manuscrits Modernes, na França. Foi professor convidado da École des Hautes Études en Sciences Sociales em 1993, 1996 e 1999 e ocupou a Cátedra Brasileira de Ciências Sociais Sérgio Buarque de Holanda da Maison des Sciences de l’Homme, em 2003.

Recebeu a insígnia Ordem de Rio Branco no grau de Comendador, em abril de 1996, e a Ordem do Mérito Cultural, outorgada pelo Ministério da Cultura, em novembro de 2005.

Era viúvo de Ecléa Bosi, professora emérita do Instituto de Psicologia da USP, falecida em 2017. Deixa dois filhos: Viviana Bosi, também professora da FFLCH-USP, e José Alfredo Bosi.
 

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