Professor da USP era um dos principais nomes na pesquisa em ciências políticas no país (foto: Jornal da Unicamp)
Professor da USP era um dos principais nomes na pesquisa em ciências políticas no país
Professor da USP era um dos principais nomes na pesquisa em ciências políticas no país
Professor da USP era um dos principais nomes na pesquisa em ciências políticas no país (foto: Jornal da Unicamp)
por Fábio Reynol
Agência FAPESP – Morreu na noite de segunda-feira (15/2) o professor Gildo Marçal Bezerra Brandão, pesquisador do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea da Universidade de São Paulo (Cedec/USP), em decorrência de problemas cardíacos.
Brandão estava em São Sebastião, no litoral paulista, onde passava o feriado com a família. No dia 17, completaria 61 anos.
“Gildo era um arguto analista político e cientista de grande competência. Deu grande contribuição à FAPESP e à ciência no Brasil. Foi um incansável defensor de referenciais acadêmicos elevados para a universidade pública brasileira”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
Brandão era assessor ad hoc da FAPESP e coordenava o Projeto Temático “Linhagens de pensamento político e social brasileiro”, apoiado pela Fundação.
O tema do projeto foi inspirado em sua tese de livre-docência de 2004 e deu origem a um livro de mesmo título lançado pela editora Hucitec em 2007 e considerado uma de suas principais obras.
“Ele tinha uma capacidade de liderança muito grande, além de ser extremamente generoso. Gildo jamais se negou a compartilhar suas ideias e ajudar quem quer que fosse. Vários de seus ex-orientandos se tornaram professores de importantes universidades”, disse Elide Rugai Bastos, professora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, que participa do Temático coordenado por Brandão, à Agência FAPESP.
Natural de Alagoas, Brandão graduou-se em filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1971. Atuou como jornalista e militou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) sendo o primeiro editor do jornal Voz da Unidade, publicação do partido que ajudou a fundar. Também chegou a trabalhar como editorialista do jornal Folha de S.Paulo, no início dos anos 1980.
Em São Paulo desde o fim dos anos 1970, deixou a militância política para se dedicar à carreira acadêmica. Lecionou na Universidade Estadual Paulista, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e na USP, na qual concluiu doutorado em 1992.
Sua tese de doutoramento deu origem ao livro A Esquerda Positiva (As Duas Almas do Partido Comunista, 1920-1964) (Hucitec, 1997). Sua produção bibliográfica contém outras obras importantes como Linhagens do Pensamento Político Brasileiro (Hucitec, 2007) e Caio Prado Júnior e a nacionalização do Marxismo no Brasil (Editora 34, 2000), esta última lançada com apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Publicações.
Completou pós-doutorado em teoria política contemporânea em 1996, na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Foi editor da Revista Brasileira de Ciências Sociais.
A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), da qual Brandão foi secretário adjunto entre 2004 e 2008, divulgou nota ressaltando as contribuições que o pesquisador deu à área e destacando “seu fortíssimo engajamento na construção das ciências sociais” no Brasil.
Segundo o chefe do Departamento de Ciência Política da USP, professor Álvaro Vita, Brandão era “um dos intelectuais mais respeitados e reconhecidos em sua área de atuação”.
Brandão não se preocupava somente com a sua área, de acordo com Brasílio João Sallim Júnior, professor do Departamento de Ciência Política da USP. “Ele se preocupava em manter e elevar a qualidade da universidade como um todo e não só da área dele”, disse.
Casado com Simone Coelho, filha do jornalista e ex-deputado Marco Antonio Tavares Coelho, Brandão deixou três filhos. Seu corpo foi cremado na quarta-feira (17/2) no Crematório da Vila Alpina em São Paulo.
“Sua vida é um exemplo de um envolvimento permanente com toda a sorte de dificuldades financeiras, políticas, policiais, e de extremo amor a diversas instituições de pesquisa, particularmente a Universidade de São Paulo”, disse Tavares Coelho.
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