"A transparência absoluta, antes, durante e depois das alocações em projetos de iniciativa dos pesquisadores e da FAPESP está entre os principais casos de sucesso da instituição e deve-se preservá-la a todo custo" (foto: Comunicação Poli-USP)

Obituário
Morre o ex-presidente do Conselho Superior da FAPESP Antonio Hélio Guerra Vieira
04 de junho de 2025

Formado em engenharia mecânica, foi reitor da USP e diretor da Poli, onde participou do projeto do primeiro computador montado no Brasil

Obituário
Morre o ex-presidente do Conselho Superior da FAPESP Antonio Hélio Guerra Vieira

Formado em engenharia mecânica, foi reitor da USP e diretor da Poli, onde participou do projeto do primeiro computador montado no Brasil

04 de junho de 2025

"A transparência absoluta, antes, durante e depois das alocações em projetos de iniciativa dos pesquisadores e da FAPESP está entre os principais casos de sucesso da instituição e deve-se preservá-la a todo custo" (foto: Comunicação Poli-USP)

 

Agência FAPESP – Morreu nesta segunda-feira (02/06) em São Paulo, aos 95 anos, Antonio Hélio Guerra Vieira, que presidiu o Conselho Superior da FAPESP entre 1979 e 1985 e foi reitor da Universidade de São Paulo (USP) de 1982 a 1986.

Nascido em Guaratinguetá, interior paulista, formou-se engenheiro mecânico e eletricista pela Escola Politécnica (Poli-USP) em 1953. No mesmo ano, foi trabalhar na fábrica de automóveis da Ford, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, mas em um mês foi convidado para ser professor na Politécnica. Em vez de assumir de imediato, optou pelo doutorado na Escola Normal Superior de Paris, onde se especializou em radioastronomia e se tornou um dos primeiros bolsistas da FAPESP. Desenvolveu um projeto sobre antenas que acabou sendo sua tese de livre-docência, em 1964, como relatou em entrevistas e depoimento ao livro FAPESP 40 anos: Abrindo Fronteiras, concedidos entre agosto de 1987 e julho de 2002.

Em 1983, lembrou – no meio de seu mandato como presidente da Fundação –, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou a Emenda Constitucional nº 39, apresentada pelo deputado Fernando Leça, determinando que os recursos destinados à FAPESP deveriam ser calculados com base no ano anterior e repassados em duodécimos. “Depois da emenda constitucional aprovada, a FAPESP passou a gerir uma quantidade maior de verbas, pedidos de auxílios e de projetos”, afirmou na entrevista.

Durante sua gestão, as reuniões do Conselho Superior passaram a ser mensais, a FAPESP passou a publicar relatórios anuais de atividades e projetos especiais ganharam nova dinâmica. “Decidimos que não teríamos projetos envolvendo só um grupo pequeno, seriam sempre projetos um pouco mais amplos, que contavam com a participação de vários grupos de pesquisa e o patrocínio de várias entidades além da FAPESP”, contou na entrevista ao FAPESP 40 anos: Abrindo Fronteiras.

“Entendo que a transparência absoluta, antes, durante e depois das alocações em projetos de iniciativa dos pesquisadores e de iniciativa da FAPESP está entre os principais casos de sucesso e credibilidade da instituição e que se deve preservá-la a todo custo”, afirmou.

Ao longo de sua carreira acadêmica, Vieira foi um dos criadores do Departamento de Engenharia Elétrica da Poli, participou do projeto do primeiro computador montado no Brasil, o Projeto G-10, também conhecido como Patinho Feio, e fundou o Laboratório de Sistemas Digitais (LSD).

Foi um dos criadores e presidente da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) e também presidiu o Instituto de Engenharia e a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). Entre outras premiações, foi reconhecido como Eminente Engenheiro do Ano, em 1977, pelo Instituto de Engenharia; em 2000, recebeu o título de professor emérito da Poli-USP; em 2009 foi agraciado com a Medalha Armando de Salles Oliveira, também da USP; e em 2023 recebeu do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) o Prêmio Destaques em Governança na Internet.

Em comunicado divulgado no Jornal da USP, a Reitoria da universidade lamentou o falecimento e decretou luto oficial por três dias.
 

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