Professor titular aposentado do ICB-USP, ele presidiu a Sociedade Brasileira de Biofísica, a Sociedade Brasileira de Fisiologia e a Federação de Sociedades de Biologia Experimental (foto: ABC)
Professor titular aposentado do ICB-USP, ele presidiu a Sociedade Brasileira de Biofísica, a Sociedade Brasileira de Fisiologia e a Federação de Sociedades de Biologia Experimental
Professor titular aposentado do ICB-USP, ele presidiu a Sociedade Brasileira de Biofísica, a Sociedade Brasileira de Fisiologia e a Federação de Sociedades de Biologia Experimental
Professor titular aposentado do ICB-USP, ele presidiu a Sociedade Brasileira de Biofísica, a Sociedade Brasileira de Fisiologia e a Federação de Sociedades de Biologia Experimental (foto: ABC)
Agência FAPESP – Gerhard Malnic, professor titular aposentado do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), morreu no último sábado (25/02). Malnic foi um dos principais expoentes na área de fisiologia renal do país.
Nascido em 1933, em Milão (Itália), e filho de austríacos, naturalizou-se brasileiro em 1956. Ingressou em primeiro lugar na Faculdade de Medicina da USP em 1952. O interesse pela fisiologia começou já no segundo ano do curso de medicina. Publicou o primeiro artigo científico ao lado do professor Alberto Carvalho da Silva – um estudo sobre excreção renal de vitamina B1, ou tiamina, em cães – no Journal of Physiology, uma das mais prestigiosas revistas científicas da área de fisiologia.
Foi chefe do Departamento de Fisiologia e Biofísica, diretor do ICB e diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA), além de atuar como vice-presidente da Associação de Docentes da USP (Adusp).
“Malnic ensinou, inspirou e motivou muitos de nós. Foi um exemplo de elegância e humildade. Um cientista brilhante com quem tive a oportunidade de trabalhar e de aprender”, afirmou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.
"Muitos que o conheceram apenas tardiamente não sabem que ele tinha também atividade política. Tivemos uma greve no início do Governo Maluf [anos 80] e tínhamos de comparecer à Assembleia Legislativa, ali no Ibirapuera. Lá estávamos os dois sentados no chão participando da manifestação, batendo palmas e gritando slogans. Depois tivemos ações na diretoria do ICB. Eu fui diretor antes dele, de 1986 a 1989, substituindo o prof. [Flávio] Fava, que depois veio a se tornar reitor da USP. O prof. Malnic ficou no cargo de 1989 a 1993. Conseguiu o inimaginável na época, exercer atividade administrativa e política consequente, com atividade no laboratório permanente e incontestável. Enorme memória enorme atividade uma vida dedicada a USP", disse à Agência FAPESP o professor do ICB Oswaldo U. Lopes.
“Um dos melhores professores no meu curso médico. Montou uma equipe capacitada em biofísica e fisiologia renal com visibilidade internacional”, publicou no Twitter Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da USP.
Malnic doutorou-se em medicina no Departamento de Fisiologia, sob a orientação de Alberto Carvalho da Silva em 1960. Fez pós-doutorado na Tulane University, New Orleans (1961/62), e na Cornell University Medical College (1962/64), ambas nos Estados Unidos.
De volta à USP, em 1964, Malnic implantou o laboratório de micropunção e microperfusão renal na Faculdade de Medicina, abordando os mecanismos de transporte de potássio ao longo do néfron e de acidificação tubular. Estudou o papel do sódio, fatores hormonais, alterações do equilíbrio ácido-base e drogas nefrotóxicas na reabsorção de bicarbonato. Também trabalhou no desenvolvimento de metodologia para a determinação do pH celular por microfluorimetria.
Malnic teve uma representatividade muito significativa na comunidade científica: presidiu a Sociedade Brasileira de Biofísica, de 1983 a 1985; a Sociedade Brasileira de Fisiologia (SBFis), de 1985 a 1988; e a Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), entre os anos de 2003 e 2007.
“Conheci e convivi com o professor Gerhard Malnic na época que eu presidia a SBNeC [Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento] e ele a FeSBE. Tenho as melhores recordações daquela época, do jeito sereno e sempre positivo com que conduzia as reuniões e discussões. Meus sentimentos à família e amigos”, escreveu no Twitter Stevens Rehen, professor do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Instituto D’Or.
Foi membro titular da Academia Brasileira de Ciências, da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e da Academia de Ciências da América Latina. Fez parte do corpo editorial de revistas científicas de seletiva política editorial, tais como Kidney International, Brazilian Journal of Medical and Biological Research, American Journal of Physiology e Physiological Reviews.
Recebeu os títulos de professor honorário do IEA-USP e de Professor Emérito do ICB-USP, além de vários títulos e comendas, como a de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, ambos conferidos pela Presidência da República do Brasil em junho de 1995 e em agosto de 2000, respectivamente; a Medalha G.A. Borelli, da Universidade Frederico II, Nápoles, Itália; e a Medalha Capes 50 Anos, em julho de 2001.
Malnic foi casado com Margit Petry Malnic, tradutora e professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Pai de duas filhas, a musicista e arranjadora Beatriz Malnic, que atualmente mora nos Estados Unidos, e Bettina Malnic, professora associada do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP, e avô de três netas, Helena, Alice e Gabriela.
Ao longo da sua carreira científica, Malnic foi responsável pela formação de mais de 20 doutores, pela publicação de mais de 150 artigos científicos publicados em renomadas revistas científicas internacionais, dois livros e 13 capítulos de livros.
Sua morte foi lamentada pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, pela reitoria da USP e pela FeSBE, entre outras instituições.
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.