Representação da estrutura do receptor de estrógeno com ligantes (imagem: divulgação)

Moléculas valiosas
19 de agosto de 2005

Novos medicamentos para doenças como câncer de mama e osteoporose podem surgir de projeto do Instituto de Física de São Carlos, que estuda moléculas ligantes do receptor de estrógeno do sistema reprodutivo feminino

Moléculas valiosas

Novos medicamentos para doenças como câncer de mama e osteoporose podem surgir de projeto do Instituto de Física de São Carlos, que estuda moléculas ligantes do receptor de estrógeno do sistema reprodutivo feminino

19 de agosto de 2005

Representação da estrutura do receptor de estrógeno com ligantes (imagem: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Um projeto de pesquisa desenvolvido no Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da Universidade de São Paulo (USP), está avaliando uma série de moléculas bioativas. Essas são potenciais candidatas a novos fármacos para o tratamento da osteoporose, dos cânceres de mama e de útero e da reposição hormonal.

O estudo, coordenado pelos professores Igor Polikarpov e Adriano Andricopulo, já identificou 50 moléculas, todas com potencial para serem sintetizadas pela indústria farmacêutica.

Em todo o corpo humano há 48 proteínas (receptores nucleares) que regulam o metabolismo e a ação hormonal. A proposta do estudo é explorar ligantes do receptor de estrógeno do sistema reprodutivo feminino para encontrar moléculas com elevado potencial terapêutico.

"Esse projeto tem uma característica importante, que é a associação de competências entre universidade e indústria, em busca de um objetivo único. O que pretendemos é descobrir alguns ligantes do receptor de estrógeno que sejam candidatos a novos fármacos", disse Igor Polikarpov à Agência FAPESP.

Para o desenvolvimento de novos medicamentos, Polikarpov explica que é utilizada uma combinação de métodos computacionais e experimentais avançados. Com base em estruturas tridimensionais de receptores nucleares, é possível obter subsídios para encontrar compostos químicos que se encaixam no sítio ativo das proteínas. "As moléculas bioativas com perfil farmacodinâmico e farmacocinético privilegiado são sintetizadas e depois avaliadas biologicamente por meio de ensaios cinéticos e celulares padronizados", conta.

Polikarpov acredita que o processo de pesquisa básica do projeto, que inclui a síntese e avaliação biológica das 50 moléculas propostas pelo grupo, deverá levar de dois a quatro anos. "O processo de descoberta de novos fármacos é longo, complexo, de alto custo e de elevado risco", explica. Segundo ele, o período de pesquisa transcorrido entre o projeto inicial e o lançamento do medicamento varia de 12 e 15 anos.

Para ter uma idéia do potencial do estudo, apenas o mercado internacional de fármacos para o tratamento da osteoporose movimenta cerca de US$ 5,5 bilhões por ano. A expectativa é que o valor dobre até 2008, considerando, entre outras coisas, o envelhecimento da população mundial. A má alimentação e o sedentarismo também podem tornar os ossos mais frágeis, dizem os estudiosos.

"Se, com os resultados de nossas pesquisas, a indústria nacional puder se beneficiar de uma pequena fração desse mercado extremamente lucrativo, isso terá um valor bastante considerável para o fortalecimento da associação universidade e indústria no Brasil", acredita Polikarpov.

O projeto está sendo desenvolvido no Centro de Biologia Molecular Estrutural (CBME) da USP, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da FAPESP, em parceria com o Instituto Internacional de Pesquisas Farmacêuticas (IIPF), do grupo farmacêutico EMS Sigma Pharma. Também conta com apoio financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).


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