Sete anos depois de ter deixado a Terra, a sonda Huygens se separa da nave Cassini e começa sua missão final, descendo em direção à densa superfície de Titã, o maior satélite de Saturno (ilust.: Nasa)

Mergulho no desconhecido
12 de janeiro de 2005

Sete anos depois de ter deixado a Terra, a sonda Huygens se separa da nave Cassini e começa sua missão final, descendo em direção à densa superfície de Titã, o maior satélite de Saturno

Mergulho no desconhecido

Sete anos depois de ter deixado a Terra, a sonda Huygens se separa da nave Cassini e começa sua missão final, descendo em direção à densa superfície de Titã, o maior satélite de Saturno

12 de janeiro de 2005

Sete anos depois de ter deixado a Terra, a sonda Huygens se separa da nave Cassini e começa sua missão final, descendo em direção à densa superfície de Titã, o maior satélite de Saturno (ilust.: Nasa)

 

Agência FAPESP - Após sete anos grudados, o casal se separou no final do ano passado, para felicidade de seus pais. A alegria deve ficar ainda maior na sexta-feira (14/1), quando os dois se distanciarão definitivamente. Enquanto um deles continuará em seu caminho, o outro partirá em uma viagem inédita, cheia de riscos e sem volta.

A história não é triste. Pelo contrário, ela foi escrita para terminar desse jeito. Quando a sonda Huygens mergulhar em direção à superfície de Titã, a maior das luas de Saturno, deixando a nave Cassini para trás, os cientistas responsáveis pela missão estarão felizes por seu sucesso até o momento, mas apreensivos em saber se tudo correrá bem na hora H. Nunca um artefato fabricado pelo homem tocou em um mundo tão distante.

A Huygens está programada para entrar na atmosfera de Titã às 11h06 (hora de Brasília) do dia 14, em um ângulo de 65º e a uma velocidade de aproximadamente 21.600 km/h. O alvo está no hemisfério sul do satélite, durante o dia. Na aproximação, a sonda perderá velocidade rapidamente, sendo protegida do calor por uma couraça térmica. Em três minutos, estará a 1.440 km/h. Em seguida, quando estiver a 160 mil metros da superfície, soltará o primeiro pára-quedas, de 2,6 metros de diâmetro.

Dois segundos e meio depois, um pára-quedas maior, com 8,3 metros, será liberado para estabilizar a sonda. Nesse momento, a parte frontal da Huygens se soltará para liberar caminho aos instrumentos que irão coletar dados a serem analisados pelos cientistas.

Segundo a Nasa, a agência espacial norte-americana, os equipamentos estarão em contato direto com a densa atmosfera de Titã e conduzirão medidas detalhadas da estrutura, da química e da dinâmica do satélite. Os dados serão transmitidos imediatamente para a Cassini, que desde julho de 2004 está em órbita de Saturno e que no momento da transmissão estará a apenas 60 mil quilômetros de Titã. Radiotelescópios na Terra também tentarão captar os sinais.

Quinze minutos depois, se tudo correr como o planejado, a Huygens estará a cerca de 120 mil metros de altitude, quando deverá liberar dois outros pára-quedas. Esses atuarão em conjunto para prolongar o tempo que a sonda levará até atingir a superfície. Nesse intervalo, mais dados serão coletados.

Toda a descida levará um pouco mais de duas horas, até que a sonda atinja a superfície da lua saturniana a pouco mais de 20 km/h. Caso a Huygens sobreviva ao impacto, sua missão continuará. Outros instrumentos estarão coletando dados da superfície – que os cientistas estimam ser um oceano gasoso – até que as baterias se esgotem ou até que a Cassini deixe o campo de vista do local de pouso, o que levará cerca de 130 minutos.

Quando a Cassini perder o contato com sua parceira dos últimos sete anos, irá redirecionar sua antena principal para a Terra e começará a transmitir os dados coletados em Titã. As informações serão enviadas para a estação da Nasa em Camberra, na Austrália, que deverá recebê-las um pouco mais de uma hora depois.

Depois da primeira transmissão, a Cassini fará outras três, para garantir que os dados sejam enviados e recebidos com segurança. A seguir, a nave continuará a missão de quatro anos de exploração pelo segundo maior planeta do Sistema Solar e suas luas. Agora, sozinha.

A Cassini-Huygens é uma missão da Nasa em parceria com a Agência Espacial Européia e a Agência Espacial Italiana. A decolagem ocorreu em outubro de 1997. O nome da sonda é uma homenagem ao astrônomo holandês Christian Huygens, que descobriu o satélite em 1655.

Mais informações: http://saturn.jpl.nasa.gov.


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