Paranapiacaba ganha centro com informações históricas sobre a vila que abrigou trabalhadores ingleses responsáveis pela construção da malha ferroviária que liga o interior paulista e o porto de Santos (foto: divulgação)
Paranapiacaba ganha centro com informações históricas sobre a arquitetura e o urbanismo da vila que abrigou, no fim do século 19, trabalhadores ingleses responsáveis pela construção da malha ferroviária que ligava o interior paulista ao porto de Santos
Paranapiacaba ganha centro com informações históricas sobre a arquitetura e o urbanismo da vila que abrigou, no fim do século 19, trabalhadores ingleses responsáveis pela construção da malha ferroviária que ligava o interior paulista ao porto de Santos
Paranapiacaba ganha centro com informações históricas sobre a vila que abrigou trabalhadores ingleses responsáveis pela construção da malha ferroviária que liga o interior paulista e o porto de Santos (foto: divulgação)
Agência FAPESP – No último dia 23 de junho, o roteiro turístico da vila histórica de Paranapiacaba, criada no fim do século 19 pela companhia inglesa de trens São Paulo Railway e que hoje pertence ao município de Santo André (SP), ganhou uma nova atração: o Centro de Documentação em Arquitetura e Urbanismo (Cdarq).
O centro funciona em quatro casas geminadas de madeira que foram restauradas no âmbito de um projeto apoiado pelo Programa de Pesquisa em Políticas Públicas da FAPESP, em parceria com a Fundação Santo André e a prefeitura do município.
O objetivo do projeto Diretrizes e Procedimentos para a Recuperação do Patrimônio Habitacional da Vila Ferroviária de Paranapiacaba é desenvolver instrumentos metodológicos para a recuperação do patrimônio edificado em madeira no local.
A vila de Paranapiacaba, no fim do século 19, serviu de abrigo a trabalhadores ingleses da São Paulo Railway (SPR), companhia de trens que viabilizou, em 1860, o transporte de cargas e de pessoas entre o interior paulista e o porto de Santos.
"O Cdarq é um espaço expositivo que conta a história do urbanismo, da arquitetura e da formação da vila, além de mostrar detalhes sobre o processo de recuperação das casas que o abrigam", disse o arquiteto Gilson Lameira, coordenador do projeto e pesquisador da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação do Centro Universitário Fundação Santo André, à Agência FAPESP.
A exposição é fruto de um amplo trabalho de resgate de informações históricas sobre a vila. "O acervo do centro inclui documentos impressos, mapas e desenhos, além de quatro maquetes enormes, em escala um para dez, que representam as matrizes da arquitetura e das técnicas construtivas trazidas pelos ingleses", explicou.
As casas do Cdarq foram restauradas por trabalhadores da Cooperativa de Trabalho em Marcenaria e Carpintaria e Restauro em Madeira Imperial, criada pelo projeto de pesquisa – cerca de 20 moradores da região foram capacitados por meio de oficinas de marcenaria e de carpintaria.
"A cooperativa é um dos mecanismos técnicos criados para a recuperação do patrimônio arquitetônico da vila que, ao mesmo tempo, promoverá a sustentabilidade e a continuidade dos trabalhos nos próximos anos. A vila tem hoje cerca de 300 casas em madeira a serem recuperadas", destacou Lameira.
Segundo ele, o produto final do projeto, um manual técnico, será utilizado pela prefeitura de Santo André, em parceria com empresas privadas, em ações de recuperação futuras. "A publicação será lançada até setembro com todos os detalhes técnicos que devem ser seguidos para a restauração das casas, como, por exemplo, os tipos de madeira mais indicados", disse.
Patrimônio federal, estadual e municipal
A história do transporte ferroviário em São Paulo está diretamente relacionada a Paranapiacaba. "A SPR funcionou por meio de concessão até o fim da década de 1940, quando todo o patrimônio ferroviário passou para a Rede Ferroviária Federal e continuou em operação", disse Lameira.
No início do século 20, as tecnologias que envolviam as atividades da ferrovia e da vila de Paranapiacaba eram extremamente avançadas. "Nessa época, a região representava um segmento econômico extremamente capitalizado. O projeto urbanístico da vila era um exemplo nacional, especialmente no que se refere ao saneamento e à infra-estrutura de energia elétrica, que funcionava como em poucos lugares no país", destacou.
A partir de meados da década de 1980, como resultado do processo de decadência e extinção da Rede Ferroviária Federal, a vila de Paranapiacaba entrou em degradação e muitas casas foram invadidas. No fim de 2001, o patrimônio arquitetônico da vila passou a pertencer à prefeitura de Santo André. "Essa aquisição foi o último ato administrativo importante assinado pelo então prefeito Celso Daniel, antes de seu assassinato no começo de 2002", lembrou o pesquisador.
Antes, em 1987, a vila havia sido tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). Em 2002, o mesmo foi feito pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e, em 2003, pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André.
Atualmente, parte dos moradores e das casas da vila presta serviços de alimentação e alugam quartos para o turismo histórico e ambiental praticado na região, impulsionados pela recente criação do Parque Nascentes de Paranapiacaba. Um passeio turístico de trem também percorre um trecho restrito dentro da vila.
"Há um esforço político muito grande para a criação de um passeio que retome o trajeto original da malha ferroviária até Santos. Esse é um sonho de todos os envolvidos com o projeto de recuperação da vila e que ainda vai se concretizar", afirmou Lameira.
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