Última Hora, de Samuel Wainer, é um dos jornais que integram o novo site do Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP)

Memória da imprensa
09 de fevereiro de 2010

Arquivo Público do Estado de São Paulo disponibiliza na internet seleções de jornais e revistas que fizeram a história da imprensa no país

Memória da imprensa

Arquivo Público do Estado de São Paulo disponibiliza na internet seleções de jornais e revistas que fizeram a história da imprensa no país

09 de fevereiro de 2010

Última Hora, de Samuel Wainer, é um dos jornais que integram o novo site do Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP)

 

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Há décadas a historiografia contemporânea tem incorporado a imprensa como fonte fundamental para se compreender momentos históricos e a atuação de protagonistas. Mas a fragilidade e as limitações do papel impresso, especialmente seu acesso, representam dificuldades aos pesquisadores.

Com o objetivo de ampliar o acesso a jornais e revistas do século 19 e início do século 20 no Brasil, o Arquivo Público do Estado de São Paulo acaba de lançar o site Memória da Imprensa, uma seleção de periódicos digitalizados do acervo da instituição.

O serviço reúne por enquanto 14 títulos de jornais e revistas de época, que permitem acompanhar a trajetória da imprensa paulista e brasileira a partir da seleção de exemplares de 1854 a 1981.

De acordo com o Carlos de Almeida Prado Bacellar, coordenador do Arquivo Público, além de ampliar o acesso, outro objetivo importante do novo site é preservar os raros originais das publicações.

“Jornais e revistas antigos têm um suporte muito delicado. O papel amarela com facilidade e a consulta é muito complicada. O acesso direto aos originais ajuda a destruir ainda mais. Quanto mais conseguirmos passar para o formato digital, mais colaboraremos na preservação dos originais”, disse à Agência FAPESP .

Segundo ele, a partir de agora pesquisadores não terão acesso aos originais dos jornais e revistas que já estão em formato digital. “Só poderão consultar em casos muito específicos e que serão analisados. Essa é uma iniciativa importante para preservar o acervo”, disse.

Parte do acervo já digitalizado ajuda a reconstituir momentos importantes dos mais de 200 anos de história da imprensa no Brasil. Pesquisadores já podem acessar desde publicações que marcaram época, como a revista A Cigarra (1914-1975) e o jornal Última Hora (1951-1971), até títulos menos conhecidos, como o jornal sindical Notícias Gráficas (1945-1964) e o anarquista La Barricata (1912-1913).

Segundo Bacellar, a ideia é colocar à disposição do público um conjunto variado de fontes. “Buscamos alguns exemplos de periódicos famosos, mas que ilustrem tendências ou conceitos diferentes. Temos desde a grande imprensa até pequenos jornais e revistas com perfis mais variados, como sindicais, políticos ou culturais”, disse.

A digitalização dos jornais e revistas é uma iniciativa interna do Arquivo do Estado. “Algumas digitalizações em curso estão envolvidas diretamente em projetos de pesquisa relacionados, como, por exemplo, à imigração em São Paulo, e à resistência política durante a Ditadura Militar”, explicou.

Movimento

O Memória da Imprensa já soma mais de 1.670 páginas de jornais, mas, de acordo com seu coordenador, as páginas disponíveis ainda representam uma amostra ínfima, se comparadas com a totalidade disponível no Arquivo do Estado.

“Esperamos que esse material sirva para o uso do professor em sala de aula e dos próprios alunos. Caso o professor queira dar uma aula sobre o período da República Velha no Brasil pode, por exemplo, consultar alguns jornais anarquistas do período”, disse.

Um dos destaques é o periódico alternativo Movimento, que liderou a campanha pela anistia durante a ditadura militar. Lançado em 1975 e fechado em 1981, teve 3.093 artigos e 3.162 ilustrações censurados pela ditadura.

Segundo Bacellar, a alimentação do site será feita ao longo do ano de forma aleatória, com relação aos títulos. “Mas, às vezes, coincide com solicitação externa. Uma entidade pede, por exemplo a digitalização de um determinado jornal. De qualquer forma, pretendemos chegar, até o fim do ano, com mais de 2 milhões de páginas digitalizadas”, disse.

O Arquivo Público do Estado de São Paulo é um dos maiores arquivos públicos brasileiros. Sua hemeroteca tem cerca de 1,2 mil títulos e 32 mil exemplares de revistas e mais de 200 títulos de jornais.

Já estão disponíveis no site as revistas O Malho (1902-1954), Panóplia (1901-1935), Anauê! (1935), Vida Moderna (1907-1925) e Escrita (1975-1988), além dos jornais Lanterna (1901-1935), Acção (1936), Germinal (1902-1913) e Correio Paulistano (1854-1963), este último o primeiro diário da província de São Paulo.

Para acessar a página e mais informações: www.arquivoestado.sp.gov.br/memoria
 

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