Mel tipo exportação
14 de julho de 2003

Para pesquisador da Embrapa, circunstâncias favoráveis no mercado internacional fazem momento propício ao estímulo à apicultura no país

Mel tipo exportação

Para pesquisador da Embrapa, circunstâncias favoráveis no mercado internacional fazem momento propício ao estímulo à apicultura no país

14 de julho de 2003

 

(Agência FAPESP) - Com a Argentina e a China enfrentando graves problemas no mercado internacional de mel, o cenário se mostra bastante favorável para o Brasil aumentar a produção e exportação do produto.

A opinião é de Vanderlei Donisete dos Reis, pesquisador da Embrapa/Pantanal. "A Argentina está com problema de dumping. A China também está de fora do cenário internacional porque foram encontrados resíduos de antibiótico no produto deles", explica Reis à Agência FAPESP.

Os Estados Unidos sobretaxaram o mel da Argentina, por considerarem que os produtores argentinos vinham provocando dumping no mercado internacional, ou seja, atuando com preços muito mais baixos do que os da concorrência, tendo prejuízo em busca de uma maior participação no setor.

Países como Estados Unidos e Alemanha, grandes consumidores, chegam a comprar de outros produtores 230 mil toneladas de mel todos os anos.

Segundo Reis, tal cenário representa grande oportunidade para que o Brasil estimule a apicultura e aumente as vendas externas. "O Brasil produz hoje apenas 40 toneladas por ano, mas temos capacidade de produzir cinco vezes mais", disse.

No país, existem hoje 300 mil apicultores segundo os números da Embrapa. Desse universo, 80% é formado por pequenas famílias que usam a venda do mel para sobreviver. "Além da questão social, a apicultura também se mostra ideal para regiões como o Pantanal, porque ela tem um impacto ambiental muito baixo", disse o pesquisador.

Para Reis, a grande vantagem do mel brasileiro é que ele é totalmente natural, livre de qualquer contaminação. "Aqui no Pantanal, por exemplo, é preciso racionalizar a exploração das abelhas. Com as colméias instaladas em lugares conhecidos, até o número de acidentes, que é maior que os registrados com serpentes, poderá cair", disse.

Assim como em outras regiões do Brasil, a espécie produtora no Pantanal é a Apis meliffera L, a abelha africanizada. As vantagens científicas do mel, como o produzido no Pantanal, são grandes. O que hoje é um produto rotulado apenas de natural, por exemplo, pode em breve se tornar orgânico, mais aceito no mercado externo.

"Essa alteração na classificação só depende de processos burocráticos", disse Reis. Ele lembra o episódio da vaca louca para mostrar a importância que tais diferenciações têm para o mercado internacional.

Por Eduardo Geraque


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