Paiva e Bustamente receberão R$ 400 mil em reconhecimento por seu trabalho na área cultural e científica (imagem: Harald Krichel/Wikipedia e RBio)
Fundação Conrado Wessel premia autor de Ainda estou aqui e Feliz ano velho e pesquisadora em ecologia de ecossistemas e mudanças ambientais globais da Universidade de Brasília
Fundação Conrado Wessel premia autor de Ainda estou aqui e Feliz ano velho e pesquisadora em ecologia de ecossistemas e mudanças ambientais globais da Universidade de Brasília
Paiva e Bustamente receberão R$ 400 mil em reconhecimento por seu trabalho na área cultural e científica (imagem: Harald Krichel/Wikipedia e RBio)
Agência FAPESP * – Mercedes Bustamante e Marcelo Rubens Paiva são os vencedores da edição de 2025 do Prêmio FCW, concedido pela Fundação Conrado Wessel, nas categorias Ciências e Cultura, respectivamente. Os nomes foram escolhidos na terça-feira (25/08) pelas comissões julgadoras, que se reuniram na sede da Fundação, em São Paulo. Os prêmios, no valor de R$ 400 mil cada, serão entregues em cerimônia em outubro.
Professora da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora da vegetação nativa da região central do Brasil, Bustamante é uma das mais renomadas cientistas do país. Com ênfase em ecologia de ecossistemas, atua principalmente nos temas Cerrado, mudanças no uso da terra, biogeoquímica e mudanças ambientais globais. Foi autora do capítulo Agriculture, Forestry and Other Land Uses do 6º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2019-2022) e responsável pela elaboração do relatório técnico sobre Mitigação de Mudanças Climáticas no Brasil (2011-2014).
“Sinto-me profundamente honrada pela indicação ao Prêmio FCW pelo meu trabalho de pesquisa sobre mudanças climáticas. Recebo este reconhecimento como uma validação significativa da importância fundamental da pesquisa conduzida pela comunidade científica brasileira para enfrentar o desafio mais urgente da humanidade. Agradeço à Fundação Conrado Wessel pelo espaço para amplificar a mensagem de que as mudanças climáticas exigem nossa atenção urgente e ação coletiva. Sou grata ainda pelo apoio da minha instituição, a UnB, e a todos os colegas e alunos que me proporcionaram o privilégio de aprendizado contínuo e de um convívio enriquecedor”, disse Bustamante ao comentar a escolha de seu nome.
Nascida no Chile e naturalizada brasileira, Bustamante é graduada em ciências biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mestre em ciências agrárias pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e doutora em geobotânica pela Universidade de Tréveris, na Alemanha. Foi coordenadora-geral de gestão de ecossistemas (2011-2012) e diretora de Políticas e Programas Temáticos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (2012-2013), além de diretora de Programas e Bolsas no País da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes, 2016). É integrante da Academia Brasileira de Ciências (ABC) desde 2015 e comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico, título recebido em 2018.
“O júri do Prêmio FCW de Ciências, formado por nomes de destaque na atividade científica, decidiu pela escolha da professora Mercedes Bustamante. Foi uma decisão que se deve à importância da produção científica, à qualidade do trabalho e à relevância de sua atuação em uma área extremamente sensível e oportuna diante dos desafios que o mundo vem enfrentando e, em particular, que o Brasil atravessa neste momento, com a questão climática cada vez mais urgente e desafiadora para o futuro da nossa sociedade”, disse Carlos Vogt, diretor-presidente da FCW e ex-presidente da FAPESP (2002-2007).
Um dos mais conhecidos escritores brasileiros, Marcelo Rubens Paiva é autor de Ainda estou aqui (2015), obra sobre a luta de sua mãe, a advogada Eunice Paiva, em busca de respostas para o desaparecimento do marido, Rubens Paiva. Engenheiro e deputado federal cassado pela ditadura militar, Paiva foi levado para interrogatório em janeiro de 1971 e nunca mais voltou (leia mais em: revistapesquisa.fapesp.br/o-passado-presente/). O caso foi um dos investigados pela Comissão Nacional da Verdade, que confirmou o assassinato cerca de 40 anos após o desaparecimento. Dirigido por Walter Salles, o filme baseado na obra, também intitulado Ainda estou aqui, tornou-se, em 2025, o primeiro longa-metragem brasileiro a conquistar um Oscar, na categoria de melhor filme internacional. No papel de Eunice Paiva, Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro de melhor atriz.
Paiva alcançou sucesso literário já na estreia, com Feliz ano velho (1982), no qual narra a experiência de se tornar tetraplégico após um acidente e aborda temas como juventude, reabilitação, superação e reflexões sobre a vida. O livro foi o mais vendido no Brasil na década de 1980, com mais de 200 edições, e recebeu diversos prêmios, entre eles o Jabuti de Literatura. Paiva publicou mais de uma dezena de livros e também tem carreira de destaque como dramaturgo e colunista.
“É uma honra receber o Prêmio FCW, ainda mais em dias em que somos mais uma vez chamados para defender a democracia. Agradeço muitíssimo a essa grande homenagem”, disse Paiva.
“Em 2025, o Prêmio FCW de Cultura destaca a importância tanto da trajetória intelectual quanto da literária de Marcelo Rubens Paiva. É também uma forma de reconhecer tudo aquilo que, nos últimos tempos, representou o sucesso de seu livro Ainda estou aqui, transformado no excelente filme que repercutiu de muitas formas a situação de impasse e o drama vivido pelo Brasil durante a ditadura militar – e que ameaçou se repetir recentemente no país”, disse Vogt.
Comissões julgadoras
A comissão julgadora do prêmio de Ciências foi presidida por Helena Nader, presidente da ABC, e composta por Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, diretor de Desenvolvimento Científico da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Carlos Alfredo Joly, professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Denise Pires de Carvalho, presidente da Capes, Jerson Lima Silva, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Manoel Barral Netto, presidente da Academia de Ciências da Bahia, Marcio de Castro, diretor científico da FAPESP, Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, e Ricardo Magnus Osório Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A comissão julgadora do prêmio de Cultura foi presidida por José de Souza Martins, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), e composta por Alcir Pécora, crítico literário e professor do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, Carlos Augusto Machado Calil, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, Eugênio Bucci, superintendente de comunicação social da USP, Hubert Alquéres, presidente do Conselho Estadual de Educação, Ismail Norberto Xavier, professor associado da ECA, Jorge Schwartz, professor titular de literatura hispano-americana da USP, Liniane Haag Brum, pesquisadora em literatura e cinema no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, Orna Messer Mevin, professora do IEL, e Sabine Righetti, pesquisadora do Labjor e assessora da Coordenadoria Geral - Mídia Ciência da FAPESP.
* Com informações da Assessoria de Imprensa da FCW.
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