Estudo realizado por brasileiros e norte-americanos identifica marcador para células com proteína fundamental para as metástases. De acordo com autores, trabalho publicado na PNAS poderá resultar em aplicação clínica (PNAS)

Marcador para a metástase
19 de setembro de 2011

Estudo realizado por brasileiros e norte-americanos identifica marcador para células com proteína fundamental para as metástases. De acordo com autores, trabalho publicado na PNAS poderá resultar em aplicação clínica

Marcador para a metástase

Estudo realizado por brasileiros e norte-americanos identifica marcador para células com proteína fundamental para as metástases. De acordo com autores, trabalho publicado na PNAS poderá resultar em aplicação clínica

19 de setembro de 2011

Estudo realizado por brasileiros e norte-americanos identifica marcador para células com proteína fundamental para as metástases. De acordo com autores, trabalho publicado na PNAS poderá resultar em aplicação clínica (PNAS)

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – O aparecimento de metástases tem contribuição fundamental do fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF-A, na sigla em inglês) produzido por células do estroma positivas para o marcador S100A4, de acordo com um novo estudo feito por brasileiros e norte-americanos. O estroma é o tecido conectivo que dá sustentação às células funcionais dos órgãos.

De acordo com os autores, o estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences poderá ter impacto clínico importante, já que pacientes positivos para o marcador S100A4 nas células – em tese mais propensos à metástase – poderão ser identificados e se beneficiar de drogas anti-VEGF existentes.

O trabalho teve a participação de Ricardo Renzo Brentani e de Rafael Malagoli Rocha, ambos do Departamento de Oncologia do Hospital A.C. Camargo – Brentani é diretor-presidente da FAPESP. Os outros autores são de instituições norte-americanas: da Escola de Medicina de Harvard, do Departamento de Patologia do Hospital Rhode Island, da Universidade Vanderbilt, em Nashville, e da Divisão de Ciências e Tecnologia da Saúde Harvard–Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

O VEGF-A promove a angiogênese – o crescimento de novos vasos sanguíneos – na região tumoral. Esses vasos alimentam o tumor e ao mesmo tempo propiciam e facilitam o aparecimento da metástase.

“Verificamos que existe o aparecimento do VEGF-A em células do estroma – que basicamente são fibroblastos – que compõem a matriz extracelular. Por isso, elas têm um papel central na colonização metastática. Mas o mais importante é que os fibroblastos responsáveis pela produção do VEGF-A podem ser positivos para o marcador S100A4”, disse Rocha à Agência FAPESP.

Segundo ele, existem drogas que bloqueiam a ação do VEGF, como o Bevacizumab, que obteve sucesso no tratamento de pacientes com doenças metastáticas, aumentando a sobrevida. “Imaginamos que os pacientes com S100A4 no estroma podem se beneficiar com essas terapias anti-VEGF”, afirmou.

Rocha e Brentani estabeleceram uma parceria com o grupo liderado por Radhu Kalluri, do Centro Médico Beth Israel Deaconess, hospital universitário da Faculdade de Medicina de Harvard. O estudo publicado na PNAS é resultado dessa cooperação.

A parte experimental da pesquisa foi realizada em Harvard, em dois grupos de camundongos: um grupo de animais transgênicos que não expressam a proteína S100A4 e um grupo de controle capaz de expressá-la. “Com isso, conseguimos observar as diferenças entre os dois grupos quanto à produção de VGEF e quanto ao aparecimento de vasos e metástases”, disse Rocha.

No Laboratório de Anatomia Patológica do Hospital A.C. Camargo, os cientistas fizeram a parte molecular in situ do estudo, realizando testes imunohistoquímicos para identificar a quantidade da proteína S100A4 expressa nos fibroblastos estromais.

“A partir daí conseguíamos prever quais pacientes produziriam mais vasos e estariam mais suscetíveis à metástase, caso não fossem tratados”, afirmou o cientista.

O estudo demonstrou, segundo Rocha, que os fibroblastos positivos para S100A4 têm papel crucial na tarefa de fornecer “solo fértil” para a colonização metastática – que de acordo com ele é um passo fundamental da cascata metastática.

O artigo VEGF-A and Tenascin-C produced by S100A4+ stromal cells are important for metastatic colonization (doi/10.1073/pnas.1109493108), de Radhu Kalluri e outros, pode ser lido por assinantes da PNAS em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1109493108.
 

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