Mapa proteômico para o cólera
17 de maio de 2004

Cientistas identificam 94 proteínas envolvidas com o funcionamento da variedade El Tor do vibrião do cólera (na foto, Ana Coelho, da UFRJ). Descoberta é apresentada na reunião da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular, que a Agência FAPESP está cobrindo

Mapa proteômico para o cólera

Cientistas identificam 94 proteínas envolvidas com o funcionamento da variedade El Tor do vibrião do cólera (na foto, Ana Coelho, da UFRJ). Descoberta é apresentada na reunião da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular, que a Agência FAPESP está cobrindo

17 de maio de 2004

 

Por Eduardo Geraque, de Caxambu (MG)

Agência FAPESP - Um passo importante para o estudo do cólera, doença que faz 150 mil novas vítimas todos os anos no mundo, acaba de ser dado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir da identificação de 94 proteínas, envolvidas com o funcionamento biológico do Vibrio cholerae, foi possível montar um inédito mapa proteômico para a bactéria.

"Agora vamos conseguir dar outros passos no sentido de determinar a função das proteínas envolvidas no processo da cólera", disse Ana Coelho, do Departamento de Genética da UFRJ, à Agência FAPESP. Segundo a pesquisadora, um dos fatos que chamou a atenção, pelo menos nesse primeiro momento de análise dos resultados, foram dois grupos específicos de proteínas.

"A maior quantidade, ou melhor, 28 proteínas, está envolvida com o metabolismo energético da bactéria. Em segundo lugar, aparecem 13 substâncias que estão relacionadas com os mecanismos celulares de transporte", explicou Ana, que apresentou o mapa no concorrido Simpósio de Proteoma, neste domingo (16/5), primeiro dia da 33a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular. O evento está sendo realizada em Caxambu, ao sul de Minas Gerais.

Para chegar às proteínas, o grupo carioca utilizou a técnica chamada padrão de massa de peptídeos. A identificação das 94 proteínas não ocorreu sozinha. As substâncias foram descobertas com base em um mapa de duas dimensões. Em outro plano, orbitando ao redor das 94 substâncias estudadas, existem mais de 500 proteínas, que ainda serão melhor analisadas pelos cientistas.

"Conseguimos gerar uma mapa em duas dimensões. Além das 94 proteínas identificadas, podemos também acoplar, de diferentes formas, outras 540", disse Ana. A expectativa é que os dados, no futuro, ajudem a descobrir formas bioquímicas importantes para que a patogenicidade da bactéria possa ser controlada. A principal questão nas pesquisas sobre proteomas, um dos desdobramentos ocorridos a partir do desenvolvimento das modernas técnicas de análise de material celular, é identificar as proteínas e perceber como elas funcionam dentro dos organismos.

A chamada variedade El Tor do vibrião da cólera é a responsável pela grande pandemia da doença que teria começado em 1961 na Indonésia, a sétima registrada na história da humanidade. O nome da variedade da bactéria é uma alusão a um lugarejo egípcio onde ela foi encontrada. "A doença é um problema sério de saúde, principalmente em países do terceiro mundo", lembra Ana.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.