Grupo australiano descobre fóssil de vertebrado e filhote ligados por cordão umbilical, no mais antigo registro do tipo (divulgação)

Mãe de 380 milhões de anos
29 de maio de 2008

Grupo australiano descobre fóssil de vertebrado e filhote ligados por cordão umbilical, no mais antigo registro do tipo. Espécie recebe nome de Materpiscis attenboroughi, em homenagem ao documentarista David Attenborough

Mãe de 380 milhões de anos

Grupo australiano descobre fóssil de vertebrado e filhote ligados por cordão umbilical, no mais antigo registro do tipo. Espécie recebe nome de Materpiscis attenboroughi, em homenagem ao documentarista David Attenborough

29 de maio de 2008

Grupo australiano descobre fóssil de vertebrado e filhote ligados por cordão umbilical, no mais antigo registro do tipo (divulgação)

 

Agência FAPESP – A mais velha mãe de que se tem notícia foi descoberta por um grupo de cientistas, em feito já considerado um dos mais importantes na história da paleontologia. O estudo, publicado na edição desta quinta-feira (29/5) da revista Nature, descreve um único embrião conectado à mãe pelo cordão umbilical.

Trata-se da mais antiga evidência de procriação de um vertebrado. O fóssil, com idade estimada de 380 milhões de anos, pertence a uma espécie até então desconhecida, de uma extinta classe de peixes com armadura que viveu no período Devoniano.

Mãe e filho eram placodermos, ou seja, pertenceram a um grande e diverso grupo de peixes que os cientistas estimam ter sido o mais primitivo entre os vertebrados com mandíbulas. Os placodermos, conhecidos como dinossauros dos mares, dominaram lagos e oceanos por cerca de 70 milhões de anos.

O fóssil foi encontrado na formação Gogo, no oeste da Austrália, em local que integrou um antigo recife de barreira entre 408 milhões e 355 milhões de anos atrás. A mãe tinha 25 centímetros de comprimento. O fóssil está em exibição no Museu Melbourne.

Os pesquisadores responsáveis pela descoberta deram à espécie o nome de Materpiscis attenboroughi, em homenagem ao renomado naturalista e documentarista inglês David Attenborough. Foi Attenborough quem, em 1979, primeiro chamou a atenção à formação Gogo.

No artigo, os cientistas destacam que a espécie apresentava "biologia reprodutiva notadamente avançada, comparável à dos modernos tubarões e raias".

Fósseis de vertebrados com o momento de procriar preservado são extremamente raros. O novo achado amplia o registro de tais casos em 200 milhões de anos. "É um dos fósseis mais extraordinários já descobertos. Trata-se não apenas da primeira vez que um embrião fossilizado é encontrado com uma corda umbilical, mas também do mais antigo exemplo conhecido de uma criatura dando à luz a outra", disse John Long, do Museu Vitória, coordenador do estudo.

"A evidência de um espécime com cordão umbilical e embrião fornece à ciência o primeiro exemplo de fertilização interna, ou seja, de sexo. O que confirma que alguns placodermos apresentavam biologia reprodutiva avançada. Essa descoberta muda nossa compreensão sobre a evolução de vertebrados", destacou.

"Dizer que estou emocionado com a notícia é pouco. Estou extremamente lisonjeado que meu nome tenha sido dado a uma criatura tão surpreendente", escreveu Attenborough em carta a Long.

O artigo Live birth in the Devonian period, de John Long e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.


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