Concepção artística mostra a luz infravermelha emitida por um planeta extra-solar (Nasa)

Luz além do Sistema Solar
24 de março de 2005

Pela primeira vez, cientistas conseguem captar diretamente o brilho de planetas extra-solares. A Nasa considera o feito, conseguido com o telescópio espacial Spitzer, o "início de uma nova era na ciência planetária"

Luz além do Sistema Solar

Pela primeira vez, cientistas conseguem captar diretamente o brilho de planetas extra-solares. A Nasa considera o feito, conseguido com o telescópio espacial Spitzer, o "início de uma nova era na ciência planetária"

24 de março de 2005

Concepção artística mostra a luz infravermelha emitida por um planeta extra-solar (Nasa)

 

Agência FAPESP - O telescópio espacial Spitzer, da Nasa, a agência espacial norte-americana, capturou a luz de dois planetas em órbita de outras estrelas que não o Sol. O feito foi considerado pela instituição como o "início de uma nova era na ciência planetária", por ser a primeira vez em que planetas além do Sistema Solar são medidos diretamente.

"O Spitzer representa uma nova e poderosa ferramenta para que possamos aprender sobre as atmosferas, temperaturas e órbitas de planetas que estão a centenas de anos-luz da Terra", disse Drake Deming, do Centro Espacial Goddard e líder do estudo de um dos planetas, o HD 209458b, em anúncio feito pela Nasa na terça-feira (22/3).

Para o pesquisador que coordenou o estudo do segundo planeta, David Charbonneau, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, trata-se de uma conquista notável. "Temos caçado por luz há quase uma década, desde que os primeiros planetas extra-solares foram descobertos", disse. O grupo do cientista capturou a luz do planeta TrES-1.

A pesquisa de Deming foi publicada no mesmo dia do anúncio, no site da revista Nature, enquanto a outra sairá na próxima edição do Astrophysical Journal.

Até agora, todos os planetas extra-solares haviam sido descobertos por observação indireta, principalmente por uma técnica conhecida como balanço (wobble) e, mais recentemente, por outra chamada de trânsito.

No primeiro método, o planeta é detectado pelo empuxo gravitacional que exerce em uma estrela próxima, o que faz com que essa última sofra uma pequena oscilação. No segundo método, a presença de um planeta é inferida quando ele passa em frente à estrela, fazendo com que essa tenha uma pequena interferência em sua luz emitida.

Os dois planetas que tiveram suas luzes agora detectadas, o HD 209458b e o TrES-1, haviam sido descobertos por grupos liderados por Charbonneau, o primeiro em 1998 e o segundo em 2004.

Para distinguir o brilho dos planetas do emitido pelas estrelas próximas, os astrônomos empregaram um pequeno truque. Primeiro usaram o Spitzer para coletar o total de luz infravermelha das estrelas e dos planetas. Em seguida, quando os movimentos orbitais levaram os planetas para trás das estrelas, mediram apenas as luzes dessas últimas. O valor excedente era emitido pelos planetas.

"Na luz visível, o brilho da estrela se superpõe completamente à luz refletida pelo planeta. No infravermelho, o contraste entre os dois é discernível, pois o planeta emite sua própria luz", explica Charbonneau. Com os dados obtidos pelo telescópio espacial, os cientistas calcularam as temperaturas nas superfícies dos dois planetas como sendo de, no mínimo, 727º C.

O Spitzer é a última das missões do Programa de Grandes Observatórios da Nasa. As outras três são o Hubble, o observatório de raio X Chandra e o observatório de raios gama Compton.

Mais informações: www.spitzer.caltech.edu


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