Estudo mostra que filhos de imigrantes brasileiros que chegaram aos Estados Unidos na década de 1980 ainda vêem no país a possibilidade de ascensão financeira, apesar das muitas dificuldades de inserção social
Estudo mostra que filhos de imigrantes brasileiros que chegaram aos Estados Unidos na década de 1980 ainda vêem no país a possibilidade de ascensão financeira, apesar das muitas dificuldades de inserção social
Estudo mostra que filhos de imigrantes brasileiros que chegaram aos Estados Unidos na década de 1980 ainda vêem no país a possibilidade de ascensão financeira, apesar das muitas dificuldades de inserção social
Estudo mostra que filhos de imigrantes brasileiros que chegaram aos Estados Unidos na década de 1980 ainda vêem no país a possibilidade de ascensão financeira, apesar das muitas dificuldades de inserção social
Agência FAPESP - Eles ainda eram crianças quando os pais emigraram para tentar uma vida com mais recursos. Hoje adolescentes, os filhos de brasileiros que vivem nos Estados Unidos conservam o objetivo de fazer um bom pé-de-meia e o sonho distante de um dia voltar ao Brasil.
"A idéia de todo mundo que migra é juntar dinheiro e voltar. Mas o dinheiro nunca é suficiente, as pessoas vão criando vínculos e adiando a partida", disse a socióloga Teresa Sales à Agência FAPESP. Pesquisadora do Núcleo de Estudos da População (Nepo) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela levantou as condições de vida e aspirações da segunda geração de brasileiros residente na região de Boston, nos Estados Unidos. A pesquisa foi publicada na Revista Brasileira de Estudos da População, em sua segunda edição de 2004.
O fluxo migratório do Brasil para os Estados Unidos se intensificou em meados da década de 1980. De lá para cá, a comunidade brasileira está mais organizada na defesa de seus direitos e interesses. Porém, muitos dos velhos problemas persistem entre a população mais jovem. Meninas e meninos brasileiros, por exemplo, têm dificuldades de relacionamento fora de seu núcleo e se dedicam a subempregos em exaustivas jornadas de trabalho.
Teresa foi bolsista da Universidade de Harvard no ano 2000, período em que entrevistou 118 brasileiros entre 13 e 20 anos em escolas, associações e igrejas, típicos pontos de encontro de imigrantes. Posteriormente, um questionário aplicado a estudantes da high school (ensino médio) completou o levantamento.
Do total de entrevistados, 90% trabalhavam, já tinham trabalhado ou estavam temporariamente sem emprego. As oportunidades mais comuns eram limpar restaurantes, servir em lanchonetes ou ser caixa de mercadinhos de bairro.
De maneira geral os adolescentes conseguem conciliar emprego e estudo com horários flexíveis de entrada e saída no trabalho. "A maioria dos jovens vislumbra chegar à universidade, o que é praticamente impossível que eles façam nos Estados Unidos", afirmou Teresa.
Segundo ela, como grande parte dos brasileiros está ilegalmente no país, é difícil cursar além da educação básica, garantida pela legislação a qualquer um que resida em território norte-americano. Assim, os jovens sonham em voltar ao Brasil para continuar os estudos.
A segunda geração domina o inglês melhor do que os pais, mas continua não conseguindo fazer amigos norte-americanos. "A distância é muito grande, a começar pelo fato de que os jovens estudam em escolas públicas bilíngües, juntamente com portugueses e africanos de língua portuguesa. O relacionamento com norte-americanos é de patrão para empregado, nada além disso", afirma a socióloga. Por isso, a tendência do brasileiro é viver em guetos formados por pessoas de mesma origem. Até a convivência com hispânicos não é comum.
Com o nascimento de filhos de brasileiros nos Estados Unidos, a situação tende a mudar um pouco. Entre 1999 e 2001, 1.824 mulheres brasileiras deram à luz pelo sistema público de saúde de Massachusetts. Cidadãs norte-americanas, essas crianças terão seus direitos garantidos pela legislação, enquanto os pais continuarão na ilegalidade.
Teresa Sales dedica-se ao estudo da migração de brasileiros para os Estados Unidos desde 1995. Seu trabalho com a primeira geração de imigrantes gerou o livro Brasileiros longe de casa, publicado em 1999 pela Cortez Editora.
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