Obra apoiada pela FAPESP analisa esforços de atingidos em busca de reparação ao longo de quase dez anos (imagem: José Cruz/Agência Brasil via WikiMedia Commons, 2017)
Publicação financiada pela FAPESP se baseia em relatos de pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério de Fundão, em Mariana (MG)
Publicação financiada pela FAPESP se baseia em relatos de pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério de Fundão, em Mariana (MG)
Obra apoiada pela FAPESP analisa esforços de atingidos em busca de reparação ao longo de quase dez anos (imagem: José Cruz/Agência Brasil via WikiMedia Commons, 2017)
Agência FAPESP – A partir dos relatos de pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro de Fundão, em Mariana (MG), Gabriela de Paula Marcurio, doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), conseguiu acompanhar os desdobramentos do maior desastre socioambiental do Brasil.
Marcurio detalha os achados em seu livro recém-publicado, A máquina do terror: a luta das pessoas atingidas pelo desastre da Samarco em Mariana (EdUFSCar, 2025). Financiada pela FAPESP, a obra analisa especialmente os esforços dos atingidos da comunidade de Paracatu de Baixo, subdistrito do município de Mariana, em busca da reparação justa e integral dos seus direitos violados pelas empresas ao longo de quase dez anos.
“Para examinar o processo de reparação de perdas e danos provocados pelo desastre da Samarco [Vale/BHP], busquei descrever a rotina de pessoas atingidas da comunidade de Paracatu de Baixo após serem deslocadas compulsoriamente de seu território”, conta a doutoranda da UFSCar para a Agência FAPESP. “Em pesquisa de campo, observei como as atingidas e os atingidos foram submetidos a aparatos técnicos e jurídicos que estabeleciam os termos da reparação aos moldes das empresas mineradoras, prolongando e multiplicando os danos à comunidade.”
Segundo Marcurio, para reivindicar seus direitos, os atingidos se organizaram em luta, aprendendo a manejar essas formas técnicas e a elaborar seus próprios documentos com o auxílio da assessoria técnica independente da Cáritas Brasileira, regional Minas Gerais. “Desse modo, tentam fazer valer sua memória, relatando a forma de vida que foi completamente alterada, em busca de reconhecimento e justiça”, destaca.
O livro se divide em três capítulos: o primeiro trata do controle que as mineradoras passaram a exercer sobre a vida das pessoas atingidas desde o rompimento da barragem; o capítulo dois examina a luta por reparação por meio de documentos que contrastam as propostas das mineradoras com as reivindicações dos atingidos; e, finalmente, o capítulo três mostra as implicações do desastre para a noção de comunidade, conforme os relatos das pessoas atingidas de Paracatu de Baixo.
“Dessa análise, fica evidente a precariedade do processo de reparação conduzido pelas empresas mineradoras, vitimizando seguidamente as comunidades atingidas. Concluo que a memória é uma importante ferramenta de luta que atualiza a comunidade diante dos conflitos com as mineradoras, na tentativa de retomar seu modo de viver”, diz a doutoranda.
A obra é fruto da pesquisa de mestrado de Marcurio, orientada pelo professor Jorge Luiz Mattar Villela, da UFSCar, com bolsa da FAPESP.
A autora comenta que a publicação é voltada para o público geral, mas pode interessar especialmente pesquisadores que se dediquem a temas envolvendo mineração, reparação, comunidades rurais e estudos da memória.
O livro tem 240 páginas e pode ser comprado por R$ 67,92 pelo site da Editora da UFSCar (EdUFSCar).
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