Evento na FAPESP marca o lançamento do quarto volume da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo
(foto: Miguel Boyayan)

Linha de base contínua
11 de agosto de 2005

Com lançamento nesta quarta (10/8), em São Paulo, os organizadores da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo chegam aos quatro volumes e preparam a ampliação do projeto para mais 11 livros

Linha de base contínua

Com lançamento nesta quarta (10/8), em São Paulo, os organizadores da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo chegam aos quatro volumes e preparam a ampliação do projeto para mais 11 livros

11 de agosto de 2005

Evento na FAPESP marca o lançamento do quarto volume da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo
(foto: Miguel Boyayan)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Mesmo com o lançamento do quarto volume da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, ocorrido nesta quarta-feira (10/8) na sede da FAPESP, em São Paulo, existe muito mais trabalho pela frente do que o feito nos últimos dez anos. Pelo menos os fundamentos taxonômicos para o Estado estão prontos. E isso é motivo suficiente para lembranças, homenagens e orgulho.

"A linha de base está feita. Mas, agora, temos que ampliá-la e reunir forças para terminar o projeto, que prevê o lançamento de mais 11 volumes", disse George Sheperd, botânico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um dos coordenadores do projeto, à Agência FAPESP. "Minha esperança é que os volumes já publicados fiquem obsoletos logo. Isso vai ocorrer se o número de novas espécies descobertas for bastante grande", brinca o pesquisador, que nasceu na Escócia.

Na solenidade de lançamento desta quarta-feira, que teve também uma exposição com belas gravuras publicadas nos quatro primeiros números, nomes importantes da botânica nacional não foram esquecidos. "É importante lembrar sempre do amigo Hermógenes de Freitas Leitão, pesquisador que tinha uma grande paixão pelo conhecimento. Essa força pode ser muito bem percebida nos resultados agora apresentados", disse Carlos Vogt, presidente da FAPESP.

O botânico lembrado pelo amigo, além de idealizar o projeto Flora, foi o coordenador do primeiro volume. Ele morreu em 1996, aos 52 anos, durante uma expedição botânica. Depois da fatalidade, o projeto passou para a coordenação de Sheperd, de Maria das Graças Lapa Wanderley, do Instituto Botânico, e de Ana Maria Giulietti, que, depois da aposentadoria na Universidade de São Paulo, hoje vive em Londres.

"Pesquisas desse tipo são essenciais", disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, também durante o evento de lançamento do volume. "Um projeto tão longo, que passou por três diretores científicos aqui, continua existindo não por causa da FAPESP, mas sim pela existência de uma comunidade de pesquisadores bastante interessada nele."

Além dos dois dirigentes da Fundação e da professora Maria das Graças, compuseram a mesa do evento Marcos Macari, reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e vice-presidente da FAPESP, e Luiz Mauro Barbosa, diretor-geral do Instituto de Botânica do Estado de São Paulo. "Esse trabalho também tem uma utilidade muito grande para a elaboração das políticas públicas na área de conservação ambiental", afirmou Barbosa.

Protagonista das expedições botânicas mais ousadas dentro do Estado, como a que chegou ao topo de São Paulo, na Serra Fina, a quase 3 mil metros de altura no outono de 1997, Sheperd tem uma visão bem nítida de qual deve ser o norte da conservação ambiental nos próximos anos. A situação não é confortável.

"Temos pouco espaço de manobra. Algumas áreas de difícil acesso ainda apresentam uma quantidade grande de espécies. Mas, em outros locais, existem apenas pequenos fragmentos", explica o pesquisador.

O desejo de Sheperd, em relação ao projeto Flora, é bem realista. "Espero que esses volumes, no futuro próximo, não acabem sendo uma espécie de epitáfio de muitas dessas plantas. Que os meus netos consigam ver também esses exemplares na própria natureza", afirmou o pesquisador.


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