Simpósio na USP debate pesquisas do Projeto Caipira, que procura desvendar a história da língua portuguesa em São Paulo, primeira região onde foi introduzida em território brasileiro
Simpósio na USP debate pesquisas do Projeto Caipira, que procura desvendar a história da língua portuguesa em São Paulo, primeira região onde foi introduzida em território brasileiro
Agência FAPESP – O 6º Simpósio Internacional do Projeto História do Português Paulista, encerrado na terça-feira (19/6), na Cidade Universitária, em São Paulo, debateu os primeiros resultados das pesquisas de projeto temático com o mesmo nome, que tem apoio da FAPESP.
Segundo Ataliba Teixeira de Castilho, coordenador do Projeto Caipira, como é mais conhecido, o objetivo é estudar a história da evolução da língua portuguesa a partir de São Paulo. "Conhecer a história antiga do português paulista é, no fundo, conhecer a história do português brasileiro", disse à Agência FAPESP.
A língua portuguesa começou a ser introduzida em território brasileiro na capitania de São Paulo, a partir de 1532, com a fundação de São Vicente. Durante os séculos seguintes, os bandeirantes e os tropeiros levaram para o país o português que ia sendo elaborado na região, de acordo com o professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
"As várias etapas de transformação do português no estado ainda são mal conhecidas e o Projeto Caipira surgiu para preencher essa lacuna", disse Castilho. O projeto deverá desenvolver pesquisas entre 2007 e 2010. O grupo é, na maior parte, ligado à área de filologia e língua portuguesa da USP.
A história de uma língua, de acordo com Castilho, compreende três programas. O primeiro é a história social, ou seja, a formação das comunidades que falam a língua. O segundo é a mudança gramatical: o estudo de como a língua chegou a um país, como se transformou, que influências recebeu. O terceiro é a formação de um corpus: o levantamento de documentos de interesse do estudo.
"No simpósio, a ênfase esteve na mudança gramatical, com a participação de especialistas conhecidos da área de gramaticalização. Mas o projeto tem uma agenda muito grande. São 11 grupos de trabalho com temas diferentes, com grande ajuda dos demógrafos na parte de história social", disse Castilho.
"Como se formou o português de São Paulo? Sabemos que ele não derivou de um português culto, já que não era esse o perfil dos portugueses que vieram para cá no início. Perguntas como essa movem o trabalho dos grupos", afirmou. De acordo com o professor, os estudos demonstraram que a fundação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 1830, foi fundamental para a consolidação da norma culta do português paulista.
O seminário voltado para o Projeto Caipira foi preparado pela equipe paulista do Projeto para a História do Português Brasileiro (PHPP), lançado na USP em 1998. "Esse, por sua vez, se desenvolveu a partir de dois anteriores, que também tiveram apoio da FAPESP", disse Castilho, referindo-se ao Projeto de Estudo da Norma Lingüística Urbana Culta de São Paulo (Nurc) e ao Projeto Filologia Bandeirante.
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