Trabalho feito no Japão com 458 homens é o primeiro a chegar a uma conclusão nessa linha
Pesquisa feita no Japão, publicada no BMC Public Health, afirma que fumantes inveterados não encontram vantagem ao consumir cigarros do tipo light. Os riscos à saúde acabam sendo os mesmos
Pesquisa feita no Japão, publicada no BMC Public Health, afirma que fumantes inveterados não encontram vantagem ao consumir cigarros do tipo light. Os riscos à saúde acabam sendo os mesmos
Trabalho feito no Japão com 458 homens é o primeiro a chegar a uma conclusão nessa linha
Fumantes que trocaram cigarros com 1,1 mg de nicotina por outros com apenas 0,1 mg podem imaginar que diminuíram o consumo da substância em dez vezes, mas a matemática não é assim tão simples. De acordo com o estudo liderado por Atsuko Nakazawa, do Primeiro Hospital da Cruz Vermelha de Kyoto, na realidade a redução da nicotina consumida é muito menor: em média não chega a duas vezes.
Os pesquisadores investigaram a dependência de nicotina em 458 homens, por meio de questionários e exames como a medição na urina da concentração de cotinina, derivado da quebra da nicotina no organismo. A conclusão foi que entre os que fumavam mais de 40 cigarros light ou suave por dia simplesmente não houve redução significativa da absorção de nicotina.
"Aqueles que são fortemente dependentes da nicotina não têm vantagem alguma ao consumir cigarros do tipo light", disse categoricamente Nakazawa, em comunicado da BioMed Central, que publica o BMC Public Health. A cientista japonesa acredita que a saúde de tal fumante pode até mesmo estar correndo um risco maior devido a um "hábito compensatório", isto é, dar tragadas mais profundas ou em maior número.
Os pesquisadores fizeram também um alerta em relação às propagandas dos cigarros light. "As quantidades de nicotina descritas em embalagens e divulgações não correspondem diretamente ao total de nicotina consumido", escreveram.
O estudo põe mais lenha na fogueira de uma polêmica que vem se arrastando há alguns anos no Japão. Apesar de estudos anteriores terem apontado que o consumo de cigarros light pode ser tão perigoso quanto o de tipos comuns, esse é o primeiro feito no país a chegar a uma conclusão nessa linha. Em 2002, uma tentativa do Ministério da Saúde japonês de mostrar que o consumo final de nicotina é maior do que o escrito nos maços foi rechaçado por uma maciça campanha publicitária das empresas do setor, que refutava a alegação. No país, a grande maioria dos fumantes consome cigarros dos tipos light ou suave.
O artigo Smoking cigarettes of low nicotine yield does not reduce nicotine intake as expected: a study of nicotine dependency in Japanese males, está disponível no endereço www.biomedcentral.com/1471-2458/4/28
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