Meteorito que deixou Marte há cerca de 11 milhões de anos é encontrado a 750 km do Pólo Sul (foto: Univ. Case Western)

Lembrança marciana
23 de julho de 2004

Enquanto missões da Nasa e ESA investigam Marte, uma amostra do planeta é encontrada próxima ao Pólo Sul terrestre: um meteorito de 715 gramas e 11 milhões de anos que pode fornecer detalhes importantes sobre a história marciana

Lembrança marciana

Enquanto missões da Nasa e ESA investigam Marte, uma amostra do planeta é encontrada próxima ao Pólo Sul terrestre: um meteorito de 715 gramas e 11 milhões de anos que pode fornecer detalhes importantes sobre a história marciana

23 de julho de 2004

Meteorito que deixou Marte há cerca de 11 milhões de anos é encontrado a 750 km do Pólo Sul (foto: Univ. Case Western)

 

Agência FAPESP - Enquanto espaçonaves e jipes das agências espaciais norte-americana (Nasa) e européia (ESA) vasculham Marte em busca de informações científicas importantes para entender a formação do Sistema Solar, uma pista importante está disponível aqui mesmo na Terra.

Sem precisar viajar por mais 70 milhões de quilômetros, mas apenas alguns milhares, um grupo de cientistas do programa de Busca por Meteoritos na Antártica (Ansmet, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, descobriu no continente gelado terrestre um meteorito com 715,2 gramas que, esse sim, cruzou toda a distância entre os dois planetas.

Descoberto em dezembro do ano passado, a cerca de 750 quilômetros do Pólo Sul, o meteorito, denominado MIL 03346, foi um dos 1.358 encontrados pela equipe durante o verão austral de 2003-2004.

Pesquisadores do Museu de História Natural do Instituto Smithsoniano responsáveis pela análise concluíram que a mineralogia, textura e a natureza oxidativa da pedra encontrada não deixam dúvidas de que se trata de um pedaço do planeta vermelho. A Nasa, responsável pelo programa Ansmet junto com a National Science Foundation (NSF), divulgou os resultados esta semana.

O exemplar é o sétimo encontrado até hoje que pertence a um grupo de meteoritos marcianos conhecidos como nakhlitos, que levam o nome após o primeiro deles ter sido descoberto em Nakhla, no Egito, em 1911.

Os cientistas acreditam que o MIL 03346 possa servir de valiosa referência para ajudar a interpretar a grande quantidade de dados enviados pelas naves que atualmente exploram o planeta. De acordo com a Universidade Case Western, que participa do programa Ansmet, cientistas de diversos países poderão solicitar amostras do meteorito para estudos.

Entre os meteoritos marcianos, os nakhlitos estão entre os mais importantes. Acredita-se que foram originados a partir de lava cristalizada na superfície de Marte há aproximadamente 1,3 bilhão de anos. Os cientistas estimam que essas antigas peças rochosas teriam sido arremassadas para fora da atmosfera marciana devido ao choque de um meteorito há 11 milhões de anos. Pela idade, eles seriam inestimáveis testemunhas da história do planeta.

Entre os diversos meteoritos marcianos já descobertos na Terra, um estava no Brasil. Localizado em 1958, próximo a cidade mineira de Governador Valadares, media 4 milímetros e acabou sendo vendido a um comerciante norte-americano.

Mais detalhes da descoberta do MIL 03346 e pedidos de amostras, que devem ser feitos até 3 de setembro, podem ser obtidos no site do Antarctic Meteorite Newsletter, em http://curator.jsc.nasa.gov/curator/antmet/amn/amn.htm.


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