Na reunião da Anpocs, em Caxambu (MG), cientistas sociais, como Gabriel Cohn (foto), fazem retrospectiva em homenagem a dois dos principais pensadores brasileiros, Celso Furtado e Florestan Fernandes (foto: E.Geraque)

Legados sociais e culturais
28 de outubro de 2005

Na reunião da Anpocs, em Caxambu (MG), cientistas sociais, como Gabriel Cohn (foto), fazem retrospectiva em homenagem a dois dos principais pensadores brasileiros, Celso Furtado e Florestan Fernandes

Legados sociais e culturais

Na reunião da Anpocs, em Caxambu (MG), cientistas sociais, como Gabriel Cohn (foto), fazem retrospectiva em homenagem a dois dos principais pensadores brasileiros, Celso Furtado e Florestan Fernandes

28 de outubro de 2005

Na reunião da Anpocs, em Caxambu (MG), cientistas sociais, como Gabriel Cohn (foto), fazem retrospectiva em homenagem a dois dos principais pensadores brasileiros, Celso Furtado e Florestan Fernandes (foto: E.Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Caxambu

Agência FAPESP - Os dois pensaram bastante sobre o subdesenvolvimento brasileiro. Ambos tinham bem claro o papel público que o intelectual deveria ter, de mediador com a sociedade. Os legados de Celso Furtado e Florestan Fernandes foram relembrados, sob uma perspectiva histórica, no segundo dia de debates do 29º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), em Caxambu, sul de Minas Gerais.

"Os dois tinham um grande espírito público", disse Gabriel Cohn, professor da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Anpocs, à Agência FAPESP. Ao participar da sessão, Cohn destacou também a obra de um terceiro pensador brasileiro, que influenciou intelectualmente muitos pesquisadores sociais pelas regiões do país em que passou.

"Na obra do saudoso Luiz Pereira, que morreu em 1985, há exatos 20 anos, podemos encontrar tanto o pensamento de Celso Furtado como o de Florestan Fernandes", afirma Cohn. Pereira, também professor da USP, morreu prematuramente, antes dos 60 anos de idade.

Segundo Reginaldo Carmelo de Moraes, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Furtado pode ser comparado ao personagem Cassandra, que surgiu das narrações sobre a Guerra de Tróia. Ela tinha a capacidade de prever os perigos vindos do inimigo, mas nunca era ouvida. "Uma das idéias centrais de Furtado era a de que o Estado é fundamental para regular os mercados", conta Moraes.

Refratário ao termo "emergente", Furtado preferia chamar o Brasil de subdesenvolvido. Sua obra tinha outra qualidade importante, segundo Carmelo de Moraes. "Havia em seus textos uma importante visão crítica do mundo. Era sempre uma análise não conformista", diz.

Além da importância que Florestan Fernandes dava ao papel público do intelectual, ele pode ser comparado com Furtado em outros itens, apesar de serem pessoas de personalidades e linhas de pesquisa totalmente diferentes.

"Florestan também acreditava que uma mudança social, para levar ao desenvolvimento, deveria passar por uma planificação, pela expansão da racionalização em todas as esferas possíveis", disse Elide Bastos, da Unicamp, que também participou da sessão realizada pela Anpocs.


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