Flora Brasiliensis, de von Martius, que levou mais de meio século para ser concluída, reúne 22.767 espécies de plantas, das quais 19.629 brasileiras e 5.689 novas para a ciência na época

Legado de uma exploração inesquecível
09 de março de 2006

Flora Brasiliensis, de von Martius, que levou mais de meio século para ser concluída, reúne 22.767 espécies de plantas, das quais 19.629 brasileiras e 5.689 novas para a ciência na época

Legado de uma exploração inesquecível

Flora Brasiliensis, de von Martius, que levou mais de meio século para ser concluída, reúne 22.767 espécies de plantas, das quais 19.629 brasileiras e 5.689 novas para a ciência na época

09 de março de 2006

Flora Brasiliensis, de von Martius, que levou mais de meio século para ser concluída, reúne 22.767 espécies de plantas, das quais 19.629 brasileiras e 5.689 novas para a ciência na época

 

Agência FAPESP - Flora Brasiliensis é uma coleção rara e de peso, com 15 volumes constituídos por 40 partes com 130 fascículos. Soma 20.773 colunas de texto e 3.811 pranchas, das quais 1.071 são litografias, com a descrição das espécies que representam o conjunto de plantas brasileiras conhecidas até meados do século 19.

O trabalho é resultado de mais de meio século de dedicação de Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868) à organização das descobertas sobre plantas do Brasil realizadas durante viagem do médico e botânico alemão pelo país. O botânico contou com a colaboração dos editores August Wilhelm Eichler e Ignatz Urban e de outros 65 especialistas de vários países.

Patrocinada pelo imperador da Áustria, Ferdinando I, pelo rei da Baviera, Ludovico I, e pelo imperador do Brasil, Dom Pedro I, a obra teve seu primeiro volume publicado em 1840 e o último em 1906, muitos anos após a morte do autor, em 1868.

A expedição de von Martius, que fez parte da chamada Missão Austríaca, desembarcou em 15 de julho de 1817 no porto do Rio de Janeiro e acompanhava a arquiduquesa Leopoldina, que chegaria em novembro para se casar com o então príncipe D. Pedro.

Com o grupo, que incluiu zoólogos, desenhistas e pintores, o botânico alemão percorreu 10 mil quilômetros do país ao longo de três anos, registrou suas observações e recolheu mais de 20 mil espécies de plantas em quatro dos cinco principais ambientes naturais brasileiros – Cerrado, Caatinga e as florestas Atlântica e Amazônica.

O roteiro da viagem começou nas imediações da Corte do Rio de Janeiro. Em seguida, continuou para São Paulo e Minas Gerais. A expedição cruzou a Bahia, seguindo depois para Pernambuco, Piauí e Maranhão. De navio, rumou para Belém, no Pará, e subiu o rio Amazonas até o Solimões. Dali, o zoólogo Johann Baptiste von Spix (1781-1826) continuou pelo Amazonas até os limites do Peru, enquanto von Martius seguiu pelo rio Japurá até a fronteira com a Colômbia. Os dois se reencontraram e continuaram a viagem pelo rio Madeira.

De volta à Europa, von Martius foi nomeado curador do Jardim Botânico e professor da Universidade de Munique, presenteou o herbário de Munique com 6,5 mil dessas amostras e publicou, com von Spix, os três volumes de Viagens ao Brasil.

Para fazer sua maior obra, Flora Brasiliensis, von Martius coordenou uma equipe de 65 especialistas em botânica. O resultado é um inventário de 22.767 espécies de plantas – 19.629 brasileiras e 5.689 novas para a ciência na época, com texto integralmente em latim.

Ainda que a estimativa atual da diversidade de plantas brasileiras seja de 50 mil espécies, a obra permanece até hoje como o único e mais completo levantamento da flora brasileira, utilizado para identificação de plantas e como referência para estudos em botânica não só do Brasil, mas também de outros países da América do Sul.


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