Lagarto de quatro dedos
13 de junho de 2005

Réptil que havia sido registrado pela última vez há 35 anos é achado no Amapá. Expedição do Iepa encontra dois pequenos exemplares da espécie Amapasaurus tetradactylus que muitos acreditavam não existir

Lagarto de quatro dedos

Réptil que havia sido registrado pela última vez há 35 anos é achado no Amapá. Expedição do Iepa encontra dois pequenos exemplares da espécie Amapasaurus tetradactylus que muitos acreditavam não existir

13 de junho de 2005

 

Agência FAPESP - O trecho da floresta Amazônica entre os estados do Amapá e do Pará guarda vários tesouros da biodiversidade brasileira. No fim do ano passado, uma expedição científica pela Reserva de Desenvolvimento Sustentável do rio Iratapuru conseguiu encontrar duas dessas relíquias.

Depois de 35 anos, o réptil Amapasaurus tetradactylus – o nome significa "lagarto de quatro dedos do Amapá" – voltou a ser registrado. A equipe, liderada por Jucivaldo Lima, do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), coletou dois exemplares na mesma viagem. Até hoje, apenas dois espécimes haviam sido estudados, um encontrado em 1960 e outro em 1969. A espécie reencontrada agora foi descrita em 1970.

"Esse lagarto é realmente bastante diferente. Todo mundo duvidava que ele existisse, mas agora temos esses dois outros exemplares", disse Teresa Ávila-Pires, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi e uma das principais especialistas em lagartos amazônicos, à Agência FAPESP. "Podemos falar praticamente em endemismo. Com certeza a ocorrência dessa espécie não deve ultrapassar os estados do Pará e do Amapá."

De tamanho pequeno, três a quatro centímetros, coloração cinza escuro no dorso e cinza claro no ventre, o nome dado à espécie diz respeito à principal característica do animal. Os parentes mais próximos deles tem cinco dedos nas patas anteriores e não quatro. Os lagartos coletados agora pelos cientistas estavam a 130 quilômetros de onde os outros exemplares haviam sido capturados nos anos 1960.

"A espécie é realmente uma grande incógnita. Não sabemos nada sobre ela, a não ser que vive no interior da mata", afirma a pesquisadora do Museu Goeldi, que está preparando um artigo para comunicar as duas descobertas à comunidade científica. "Vamos fazer uma nova descrição da espécie. Os dois exemplares estão em bom estado."

A coleta dos lagartos faz parte do Programa de Inventários Biológicos, realizado por meio de expedições científicas a vários pontos do Corredor de Biodiversidade do Amapá. Participam da iniciativa, além do Ipea, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Secretaria de Meio Ambiente do Amapá e a ONG Conservação Internacional.


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