Laços de inimizade
02 de outubro de 2006

Pesquisa feita no Iraque, entre 2004 e 2006, indica que 90% dos iraquianos rejeitam proximidade com norte-americanos, britânicos e até mesmo com franceses

Laços de inimizade

Pesquisa feita no Iraque, entre 2004 e 2006, indica que 90% dos iraquianos rejeitam proximidade com norte-americanos, britânicos e até mesmo com franceses

02 de outubro de 2006

 

Agência FAPESP - Três anos após Saddam Hussein ter deixado o poder, a política norte-americana para o Iraque, ao que tudo indica, não está sendo necessariamente amistosa com a população daquele país do Oriente Médio.

Estudo feito por um trio de pesquisadores norte-americanos com 2.325 iraquianos concluiu que a xenofobia no país é uma das maiores do mundo e que nada poderá ser construído se a democracia local continuar atrelada à presença militar internacional.

Os dados obtidos foram comparados com outros anteriores, colhidos em 80 países. Entre os entrevistados, ouvidos entre 2004 e 2006, 90% rejeitaram a idéia de ser vizinho de norte-americanos e britânicos. Os franceses também estão em baixa, com os mesmos 90%, ainda que a França tenha feito sérias restrições à ocupação do país.

Segundo a pesquisa, publicada no periódico Perspectives on politics, assinada por Ronald Inglehart e Mark Tessler, da Universidade de Michigan, e Mansoor Moaddel, da Universidade do Leste de Michigan, os números obtidos no Iraque estão muito acima da média internacional de rejeição a britânicos e norte-americanos, que é de 16%.

Além da xenofobia em alta, a pesquisa detectou dois outros ingredientes importantes para qualquer tipo de política pública que seja pensada para o Iraque. Os grupos étnicos existentes dentro do país apresentaram alto grau de solidariedade interna. Entre os curdos, por exemplo, 96% dos entrevistados afirmaram enxergar em outros curdos pessoas de boa índole.

O aspecto religioso também está presente. Para 97% dos iraquianos árabes a religião foi considerada bastante importante. Apesar disso, o estudo também revelou que, entre um governo tocado com mão de ferro por um líder religioso e outro democrático, os vários grupos que vivem no Iraque prefeririam a segunda opção.

Para ler o artigo no artigo Xenophobia and in group solidarity in Iraq: a natural experiment on the impact of insecurity, disponível em pdf, clique aqui.


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