Conjunto de 60 unidades congrega parte importante da pesquisa biomédica feita no país (foto: LIMs/Divulgação)
Conjunto de 60 unidades congrega parte importante da pesquisa biomédica feita no país
Conjunto de 60 unidades congrega parte importante da pesquisa biomédica feita no país
Conjunto de 60 unidades congrega parte importante da pesquisa biomédica feita no país (foto: LIMs/Divulgação)
Reinaldo Lopes | Agência FAPESP – A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) comemora os 40 anos de seus Laboratórios de Investigação Médica (LIMs).
Trata-se de um conjunto com mais de 60 unidades laboratoriais, espalhadas tanto pelos prédios da faculdade como pelo Hospital das Clínicas, que congrega parte importante da pesquisa biomédica feita hoje no Brasil – além da aquisição de equipamentos, a FAPESP apoia muitas pesquisas feitas nos LIMs.
A rede, que celebra a quarta década de atividade com eventos e simpósios, tem como objetivo consolidar a cultura de uso colaborativo de seus principais equipamentos, beneficiando pesquisadores da USP e de outras instituições brasileiras.
Geraldo Busatto Filho, diretor executivo dos LIMs, conta que o conjunto de laboratórios tem uma abrangência “gigantesca”, do estudo de técnicas in vitro a pesquisas sobre saúde pública e violência, passando por temas tão variados quanto o tratamento da Aids, desenvolvimento infantil e técnicas cirúrgicas inovadoras.
“É todo o espectro de atividades relevantes em Medicina, do diagnóstico ao tratamento”, disse o professor do Departamento de Psiquiatria da FMUSP.
Um exemplo recente das ferramentas à disposição dos pesquisadores que trabalham nos LIMs é o recém-inaugurado Centro de Amostras Biológicas, que conta com 100 freezers regulados a -80 ºC, além de estar ligado a uma unidade de criopreservação com tanques de nitrogênio líquido.
Os mais variados tipos de amostras de tecidos e células colhidas pelos especialistas da faculdade passarão a ficar num único ambiente, com temperatura estritamente controlada por computador e acesso franqueado por biometria, o que deve aumentar a segurança do armazenamento, a qualidade das amostras e o acesso a elas por parte de diferentes grupos de pesquisa.
Alguns números ajudam a enxergar como a atividade dos LIMs cresceu ao longo da última década. Em 2004, por exemplo, a rede de laboratórios serviu de esteio para a publicação de 478 trabalhos científicos indexados na base internacional ISI. Em 2014, esse número saltou para 2.045 artigos.
Em 2004, apenas 63 do total de trabalhos científicos dos LIMs derivavam de colaborações entre diferentes unidades laboratoriais. Já no ano passado, 387 pesquisas se encaixavam nessa categoria. Em 2012, o resultado foi ainda mais expressivo (439 feitos em colaboração). Também em 2014, segundo Busatto Filho, a rede obteve cerca de R$ 60 milhões em financiamento para pesquisas.
Tratamento PREMiUM
Parte importante desses avanços provavelmente deve ser atribuída à formação do chamado PREMiUM (sigla de Programa Rede de Equipamentos Multiusuários), que tem ajudado os pesquisadores da instituição a compartilhar seus principais equipamentos de maneira mais colaborativa e racionalizada.
“Fizemos alguns simpósios nos laboratórios e percebemos que as tecnologias que todos usávamos eram comuns. Os temas de pesquisa eram diferentes, mas as abordagens usadas eram muito próximas”, disse Roger Chammas, professor de Oncologia da FMUSP e um dos “pais” da rede PREMiUM.
“Consideramos, então, a possibilidade de adquirir um parque de equipamentos que fosse mantido coletivamente, para que um grande número de grupos o utilizasse ao mesmo tempo”, disse Chammas, que coordena o Centro de Investigação Translacional em Oncologia e é membro da Coordenação de Área de Saúde da FAPESP.
Surgiria então um conjunto de facilities, que poderiam servir tanto aos grupos da Faculdade de Medicina da USP como a outros pesquisadores da universidade, e mesmo a outras instituições.
“É importante ressaltar que não se trata de uma ideia nova, não é nada de outro mundo. É algo que é fruto do contexto. Se a gente não fizer isso, se não houver uma mudança cultural, a gente vai pagar caro. Ou a gente fazou a gente faz”, dis-se Chammas.
A ideia começou a deslanchar em meados da década passada, graças a editais como os do Programa Equipamentos Multiusuários da FAPESP e a iniciativas parecidas de outras instituições, como a Finep.
“Defendíamos buscar financiamento para aquelas plataformas que fossem mais úteis para o maior número possível de pessoas, com a condição de que elas fossem gerenciadas para todos, não para um grupo específico”, disse Chammas.
No entanto, como não havia espaço físico para concentrar em um só lugar todos os equipamentos multiusuários, era necessário designar certos laboratórios como “anfitriões” de determinada tecnologia.
“As pessoas ganhavam a responsabilidade de gerenciar a plataforma de maneira aberta, com a possibilidade de ganhar a benesse do uso mais próximo, quando fosse possível. Tendo feito isso, você precisa de um sistema de informática que garanta o bom funcionamento da rede, com transparência e clareza operacional”, disse Chammas.
“Nem sempre é algo fácil. Algumas pessoas enxergam esse novo contexto como uma oportunidade, outras são mais resistentes. O que a gente realmente espera é que isso aumente o potencial de colaboração científica de todos os grupos e que eles passem a produzir melhor”, disse.
Colaboração para pesquisa
Segundo Busatto Filho, a utilização atual dos mais de 30 equipamentos multiusuários da rede é gerenciada por meio de um site no qual os pesquisadores se cadastram e têm acesso à agenda detalhada de uso de cada aparelho, bem como informações sobre custos, diretrizes de uso e até sobre regras de coautoria científica, na hora de escrever artigos para periódicos especializados que sejam resultado dos experimentos feitos lá.
“Não repassamos custos diretos, como água, luz ou a hora de trabalho dos técnicos. No caso de grupos de fora da USP que se inscrevem para utilizar os equipamentos, eles estão recebendo um serviço, já que farão um uso supervisionado das instalações, e, portanto, o custo é maior. O importante é deixar isso o mais transparente possível”, disse Chammas.
Apesar da presença de dezenas de equipamentos de alto nível à disposição dos pesquisadores, Chammas é diplomático na hora de destacar alguma máquina especialmente poderosa. “Vamos dizer que a nossa joia da coroa é o próprio conceito de colaboração”, disse.
Mais informações sobre os LIMs no endereço www.lims.fm.usp.br.
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