Acadêmicos apontam excessos históricos em romantização de ex-presidente (foto: Min.Desenv.)

JK
21 de março de 2006

Acadêmicos apontam excessos históricos em romantização de ex-presidente. Leia em reportagem na nova edição da revista Pesquisa FAPESP

JK

Acadêmicos apontam excessos históricos em romantização de ex-presidente. Leia em reportagem na nova edição da revista Pesquisa FAPESP

21 de março de 2006

Acadêmicos apontam excessos históricos em romantização de ex-presidente (foto: Min.Desenv.)

 

Por Gonçalo Junior

Revista Pesquisa FAPESP - Um momento flagrado pelo fotógrafo da revista Manchete em 8 de junho de 1964 revelava o ex-presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) com um aspecto de tristeza e desolação, no momento em que um assessor lhe mostrava a edição com a manchete de sua cassação e de mais 40 políticos do jornal Última Hora.

O mundo ruía sob seus pés. O sonho de voltar à Presidência em 1965 estava sepultado, numa manobra de seus principais adversários, Magalhães Pinto e Carlos Lacerda, governadores de Minas Gerais e da Guanabara, respectivamente, que o transformou num dos vilões do regime militar que começava. Nunca tivera a imagem tão arranhada. Além de responsabilizado pela "deterioração" do governo pelo general Costa e Silva, seu nome chegou a ser ligado a denúncias de corrupção na construção de Brasília.

Pouco mais de 40 anos depois, a foto se tornara apenas a referência de um episódio do passado de contexto bem diferente do Juscelino mostrado na minissérie JK, exibida a partir da primeira semana de janeiro pela Rede Globo. São dois momentos distintos: o de bandido e o de herói popular. Mais que fazer justiça histórica, o teledrama superdimensiona ainda mais o mito do ex-presidente mais idolatrado de todos como nunca se viu na história política brasileira.

Apresentado como visionário, Juscelino virou símbolo da modernidade de uma época cada vez mais idealizada e romantizada, marcada pela construção de uma nova capital para o país, Brasília, pelo florescimento da indústria automobilística e de eletrodomésticos e pelo seu êxito em superar as crises de instabilidade e chegar até o fim de seu mandato. Compreender esse fenômeno tem se tornado um desafio em importantes universidades brasileiras.

A "heroicização" de Juscelino Kubitschek vem desde o início da Nova República – embora cinco anos antes o filme de Silvio Tendler Os anos JK (1980) já tivesse deflagrado o processo, que dignificou tanto ele quanto João Goulart (1918-1976) – em Jango (1984) –, só que numa outra perspectiva, não só do documentário como também para trazer a história recente do país que massacrara a trajetória desses personagens. É o que explica a cientista social carioca Mônica Almeida Kornis, autora da tese de doutorado em comunicação Uma história do Brasil recente nas minisséries da Rede Globo.

Tanto que, lembra ela, a primeira cédula criada no governo José Sarney, de Cr$ 100.000,00, ainda em 1985, antes mesmo do padrão cruzado, trazia o rosto de JK estampado, juntamente com imagens de Brasília e outras realizações importantes de seu governo. "Ele renasceu naquele momento e passou a ser o ícone da democracia brasileira. O que a minissérie faz agora é reafirmar esse lugar", diz Mônica, cujo estudo foi defendido na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).

Clique aqui para ler o texto completo na edição 121 de Pesquisa FAPESP.

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