Pesquisadores do Centro de Pesquisa René Rachou criam iscas artificiais que imitam odores usados para a comunicação entre os insetos que transmitem a doença de Chagas (ilust: Fiocruz)

Iscas para barbeiros
19 de novembro de 2004

Pesquisadores do Centro de Pesquisa René Rachou criam iscas artificiais que imitam odores usados para a comunicação entre os insetos que transmitem a doença de Chagas, que atinge cerca de 20 milhões de pessoas na América Latina

Iscas para barbeiros

Pesquisadores do Centro de Pesquisa René Rachou criam iscas artificiais que imitam odores usados para a comunicação entre os insetos que transmitem a doença de Chagas, que atinge cerca de 20 milhões de pessoas na América Latina

19 de novembro de 2004

Pesquisadores do Centro de Pesquisa René Rachou criam iscas artificiais que imitam odores usados para a comunicação entre os insetos que transmitem a doença de Chagas (ilust: Fiocruz)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Uma isca artificial capaz de detectar uma população inteira de barbeiros é a mais nova invenção de um grupo de pesquisadores do Centro de Pesquisa René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz, em Belo Horizonte. O produto, que poderá ajudar no controle da doença de Chagas, imita um feromônio produzido pelos barbeiros – a mistura de odores usada para comunicação do inseto transmissor da doença.

O grupo estudou o comportamento dos barbeiros e constatou que, em geral, eles vivem nos domicílios rurais de baixa renda, onde paredes de barro apresentam fendas estreitas por onde o inseto se instala e contamina o homem.

Os testes para o desenvolvimento das iscas foram realizados com três espécies transmissoras da doença de Chagas: Triatoma infestans, Triatoma braziliensis e Panstrongylus megistus. "A partir da identificação de uma série de odores presentes nas fezes dos barbeiros, chegamos a um conjunto de substâncias sintéticas capazes de simular os mesmos efeitos das fezes", explicou o coordenador da pesquisa, Marcelo Lorenzo, à Agência FAPESP.

A partir dos odores artificiais, os cientistas construíram dois abrigos feitos de papelão, um com a isca química e o outro limpo. "Cerca de 70% dos insetos se dirigiram ao abrigo com as iscas, comprovando a eficácia das misturas químicas para atrair os barbeiros", explica Lorenzo.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença de Chagas acomete cerca de 20 milhões de pessoas apenas na América Latina. A infecção ocorre quando alguém é picado por um barbeiro contaminado pelo protozoário Trypanosoma cruzi. "É uma enfermidade que não conta com uma vacina específica e nem com tratamento eficiente para a maior parte dos casos crônicos", conta Lorenzo.

Segundo o cientista, a melhor estratégia utilizada pelas autoridades de saúde atualmente é o controle do inseto vetor por meio de inseticidas. "Para isso, precisamos saber os lugares em que a população de barbeiros está instalada", disse.

Após testar a novidade em laboratório, o grupo do Centro de Pesquisa René Rachou pretende experimentar as iscas no campo já nos primeiros meses de 2005. O produto será usado em regiões endêmicas de Minas Gerais e do Ceará.

Os pesquisadores querem saber se as iscas são eficientes para detectar a presença de barbeiros em locais de baixa densidade de infestação, além de descobrir se elas são capazes de atrair também outros insetos. Em um caso real, explica Lorenzo, após a identificação das áreas de ocorrência dos barbeiros, poderia ser feita a eliminação dos insetos com a aplicação de inseticidas.


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