Filosofia da psicanálise: autores, diálogos, problemas procura destacar consolidação intelectual e institucional da nova disciplina filosófica
Filosofia da psicanálise: autores, diálogos, problemas procura destacar consolidação intelectual e institucional da nova disciplina filosófica
Filosofia da psicanálise: autores, diálogos, problemas procura destacar consolidação intelectual e institucional da nova disciplina filosófica
Filosofia da psicanálise: autores, diálogos, problemas procura destacar consolidação intelectual e institucional da nova disciplina filosófica
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – A filosofia da psicanálise já se configurou como uma disciplina filosófica consolidada – tanto do ponto de vista intelectual como do institucional –, como ocorre com a filosofia da biologia e a filosofia da mente, por exemplo.
Enfatizar essa consolidação é um dos objetivos principais do livro Filosofia da psicanálise: autores, diálogos, problemas, lançado pela editora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Publicações.
A obra foi organizada por Richard Theisen Simanke, professor do Departamento de Filosofia e Metodologia das Ciências da UFSCar, Fátima Caropreso, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora, e Izabel Barbelli, Josiane Bocchi e Ada Menéndez, todas alunas dos programas de Pós-Graduação em Filosofia e Psicologia da UFSCar.
De acordo com Simanke, a obra procura dar continuidade a uma tradição estabelecida de publicações na área de filosofia da psicanálise, que, embora seja relativamente recente, congrega um número considerável de pesquisadores em todo o país, com uma inserção internacional bastante efetiva.
“Defendo que a área está tão consolidada quanto outras disciplinas filosóficas. Parece-me que estava faltando apenas uma afirmação decidida desse fato e uma caracterização mais sistemática, ainda que preliminar e exploratória, do perfil disciplinar dessa nova especialidade. A publicação do livro apresentou-se como uma boa oportunidade para dar início a esse trabalho”, disse à Agência FAPESP.
A publicação é resultado do 2º Congresso Internacional de Filosofia da Psicanálise, realizado em setembro de 2007, na UFSCar. A equipe de organizadores do livro é formada pela comissão executiva de organização do evento. Boa parte dos autores dos 27 artigos do livro corresponde também a palestrantes do congresso.
“Nossos grupos de pesquisa em filosofia da psicanálise têm organizado congressos dessa natureza com regularidade. Depois do trabalho conjunto na coordenação do evento de 2007, a equipe seguiu trabalhando comigo na captação, seleção, tradução, padronização e organização do material para publicação”, disse Simanke.
Ele menciona, como exemplo da vitalidade acadêmica da disciplina, a realização dos Encontros Nacionais de Pesquisadores em Filosofia e Psicanálise, em São Paulo em 2004 e 2006, em Niterói (RJ) em 2008 e em Ouro Preto (MG) em 2010.
A comunidade científica ligada ao tema também participou dos Congressos Internacionais de Filosofia da Psicanálise, realizados em São Paulo, em 2005, em São Carlos (SP), em 2007, e em Curitiba (PR), em 2009. O próximo evento será em Salvador, em novembro de 2011.
“Quase sempre procuramos que os eventos resultem em publicações, como forma de otimizar sua repercussão e a disseminação de seus resultados, além de veicular a produção científica e intelectual dessa área de pesquisa em filosofia, que é bastante considerável”, disse.
Segundo ele, o livro é voltado para um público amplo, já que a psicanálise é uma área que desperta interesse em diversos setores acadêmicos como filosofia, psicologia, medicina, ciências biológicas, ciências humanas e sociais, entre outros.
“A área é importante também para diversos ramos de atuação profissional, incluindo toda a área da saúde mental, além da educação, vários outros ramos da medicina e os meios psicanalíticos propriamente ditos”, afirmou Simanke.
Área multiforme
A escolha dos autores que participaram da coletânea seguiu os critérios da seleção dos convidados para o congresso de 2007: representatividade e a qualidade do trabalho dos pesquisadores nacionais e internacionais e a qualidade e rigor dos trabalhos submetidos.
“Nem todos os textos consistem exatamente no que foi apresentado no congresso, mas todos resultam do trabalho e da colaboração, estabelecidos antes e depois do mesmo, entre os pesquisadores que lá estiveram”, explicou.
Na estrutura do livro, os artigos estão divididos em capítulos sobre os temas “Epistemologia da psicanálise”, “Interlocuções filosóficas”, “A filosofia e a prática psicanalítica” e “Psicanálise, ética e sociedade”.
“Fizemos uma tentativa de categorizar e organizar o material coletado, que era muito variado, já que a filosofia da psicanálise é uma área de pesquisa bastante variada e multiforme, comportando diversas tendências e linhas de investigação”, disse Simanke.
O capítulo “Epistemologia da psicanálise” inclui textos que discutem questões relacionadas à racionalidade científica em geral, aplicadas ao caso da psicanálise – como o problema da explicação e da causalidade, por exemplo – ou que realizam um trabalho de análise interna sistemática dos textos teóricos psicanalíticos.
A seção “Interlocuções filosóficas” congrega trabalhos que se dedicam a uma análise crítica ou comparativa entre as teses psicanalíticas e as tradições filosóficas estabelecidas – como a dialética, a fenomenologia e a filosofia da ciência –, ou às ideias centrais de filósofos clássicos influentes como Jacques Derrida (1930-2004), Michel Foucault (1926-1984) e Martin Heidegger (1889-1976).
“As demais partes reúnem explorações filosóficas e psicanalíticas nos campos da moralidade e da teoria social”, afirmou Simanke.
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