Projeto Temático na ECA-USP reúne arte, computação e engenharia para pesquisar e desenvolver processos musicais interativos (divulgação)

Interação musical
02 de fevereiro de 2010

Projeto Temático na ECA-USP reúne arte, computação e engenharia para pesquisar e desenvolver processos musicais interativos

Interação musical

Projeto Temático na ECA-USP reúne arte, computação e engenharia para pesquisar e desenvolver processos musicais interativos

02 de fevereiro de 2010

Projeto Temático na ECA-USP reúne arte, computação e engenharia para pesquisar e desenvolver processos musicais interativos (divulgação)

 

Por Fábio Reynol

Agência FAPESP – Pesquisadores das áreas de música, artes visuais, artes cênicas, ciência da computação e engenharias trabalham desde março de 2009 na análise e desenvolvimento de novos processos musicais focados na interação.

Trata-se do Projeto Temático “Mobile: processos musicais interativos”, coordenado pelo professor Fernando Henrique de Oliveira Iazzetta na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e apoiado pela FAPESP

A interdisciplinaridade é importante devido ao amplo alcance do projeto, que foi dividido em quatro linhas de pesquisa: “sonologia”, “desenvolvimento de sistemas interativos”, “produção artística” e “acústica musical, psicoacústica e auralização”.

A sonologia abrange os estudos teóricos sobre som e música. Envolve especialmente reflexões a respeito da interação musical, o estudo do gesto relacionado à performance musical, a análise de repertórios específicos e questões conceituais ligadas à produção musical contemporânea.

A linha de sistemas interativos engloba o estudo, projeto e construção de sistemas de criação e performance musical baseados em processos interativos. Esses sistemas podem ser de três tipos: computacional, relacionado à elaboração de softwares; eletrônico, para desenvolver dispositivos específicos como controladores gestuais e sensores; e conceitual, que visa a criar algoritmos e sistemas lógicos que possam dar origem a softwares ou se tornarem fórmulas auxiliares na produção musical.

“Essa parte envolve uma união entre computação, engenharia e arte para propiciar a realização de novos experimentos. É o caso, por exemplo, de se tentar captar algum parâmetro musical no movimento de uma bailarina. Isso demanda o desenvolvimento de sensores específicos conectados ao corpo do artista”, disse Iazzetta à Agência FAPESP.

A terceira linha reúne os resultados artísticos do trabalho científico vinculado à pesquisa. Artistas exploram conceitos e procedimentos interativos concebidos no âmbito do Projeto Temático, além de utilizar sistemas e tecnologias desenvolvidas por membros do grupo. Esse trabalho artístico enfoca a improvisação e a interação homem-máquina.

O quarto grupo é o mais técnico e atua no desenvolvimento de softwares de medição e avaliação acústica, em reproduções musicais para audição em espaços sonoros virtuais (auralização) e no estudo da percepção humana do som o que abrange desde a fisiologia do aparelho auditivo chegando até aos procedimentos neuronais envolvidos na recepção (psicoacústica).

Essa linha também continua as pesquisas iniciadas em outro Temático, intitulado “Projeto e simulação acústica de ambientes para escuta musical”, realizado de 2002 a 2006 e também coordenado por Iazzetta. Uma das vertentes dessa linha de pesquisa está no desenvolvimento de novas ferramentas para o aplicativo AcMus, gerado no âmbito do primeiro projeto.

Equipamentos mais sensíveis

De acordo com Iazzetta, umas das principais contribuições do Temático atual é enriquecer as reações de sistemas eletrônicos fazendo com que a leitura e a interpretação de comandos sejam mais detalhadas.

“Em um quarteto de cordas, os músicos não leem somente a partitura, eles interpretam gestos, posturas e ritmo de respiração uns dos outros e tocam em resposta a esses estímulos”, disse. O desafio é fazer com que aparelhos eletrônicos também reajam interpretando muitas outras variáveis e não somente o pressionar dos botões.

“Para tanto, a máquina precisa mapear o comportamento do artista e ler com maior riqueza de detalhes as suas intenções. Queremos fazer com que a tecnologia reconheça o contexto, mesmo que seja de uma maneira muito mais simplificada do que a percepção humana”, explicou Iazetta.

A pesquisa poderá resultar não somente em novos instrumentos e em novas ferramentas musicais, mas também em novas maneiras de se fazer música, ressalta o professor. O estudo deverá contribuir para o aumento do conhecimento sobre música e sobre como os seres humanos afetam e são afetados pelos sons.

Para quem quiser conferir o andamento do projeto, no fim de cada ano o grupo apresenta um evento nas dependências do Departamento de Música da ECA-USP com os resultados artísticos obtidos no período. Artistas visuais, cênicos e músicos mostram experimentos durante cerca de uma hora.

O evento de 2009, intitulado “¿Musica? 2” abriu a série e serviu de piloto para as próximas apresentações. No evento, obras musicais interativas, performances, vídeos e instalações ocuparam salas e o átrio da unidade.

“Cantos passados, cantos futuros”; “Campainhas para ouvidos fora de padrão”, “Sonocromática”, “Musica ficta” e “Improvvisazione al dente”, foram algumas das instalações e performances apresentadas.

Os eventos anuais do Mobile devem continuar até 2012. O Projeto Temático tem encerramento previsto para fevereiro de 2013.

Projeto Temático Mobile: www.eca.usp.br/mobile
 

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