Indústria e governo olham de pontos de vista diferentes a inovação tecnológica, mas ambos concordam que é necessário continuar dialogando sobre esse importante motor de desenvolvimento
Indústria e governo olham de pontos de vista diferentes a inovação tecnológica, mas ambos concordam que é necessário continuar dialogando sobre esse importante motor de desenvolvimento
Agência FAPESP - Alguns consensos sobre inovação, retirados dos vários debates realizados durante a 3ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, na semana passada, em Brasília. Ela precisa ser muito mais estimulada pelas diversas esferas governamentais, seja com recursos financeiros ou políticas públicas. Deve ser feita com apoio do setor acadêmico, mas dentro da indústria. Ainda não existe uma cultura totalmente disseminada sobre o assunto no Brasil, apesar de o termo inovar aparecer com freqüência nas várias agendas nacionais.
Depois desses pontos em comuns, os discursos começam a ficar totalmente separados, ainda mais se os personagens forem o governo federal e o setor industrial. Isso ficou evidente na conferência, nas apresentações de Sergio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia, e de Rodrigo Loures, presidente do Conselho de Política Industrial e Desenvolvimento Tecnológico da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
"Não há na prática vontade política para fazer inovação. Precisamos ter uma meta definida, de passar das 160 empresas de inovação tecnológica, em nível internacional, existentes hoje no Brasil, para 4 mil em cinco anos", defendeu o representante da CNI.
O principal problema, segundo Loures, está na questão dos recursos financeiros. "Políticas estratégicas também faltam. A inovação também tem que ser feita na gestão pública", reclamou.
Do outro lado, Sergio Rezende, apesar de citar a falta de uma política industrial no Brasil até o ano 2000, apresentou um quadro com o mesmo pano de fundo, mas com uma imagem em primeiro plano bem menos negativa. "É fundamental que ocorra uma integração entre a política de ciência e tecnologia e a política industrial. E várias ações estratégicas foram feitas nesses últimos anos para que essa convergência ocorresse", afirmou.
Entre a lista de conquistas apresentadas por Rezende está a Lei de Inovação, a criação das ações transversais – que permitem aportar recursos provenientes de mais de um fundo setorial – e a ampliação do Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe), que, segundo ele, será melhorado em 2006.
"A Coréia do Sul teve um política de inovação nos anos 80. Lá, por causa da convergência entre indústria e pesquisa, os resultados são hoje muito melhores que os do Brasil", disse o ministro à Agência FAPESP.
Também em sua palestra em Brasília, Rezende anunciou que no dia 1º de dezembro será lançado mais um edital do Programa Institucional de Infra-Estrutura para Pesquisa (Proinfra). "O edital para a chamada de propostas de instituições públicas que queiram melhorar sua infra-estrutura será de R$ 120 milhões. Isso é 10% mais do que o do ano passado", disse o ministro, que se considera otimista em relação à política de inovação nacional. "Estamos trabalhando para que a política de C&T seja uma política definitivamente de Estado."
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