Instabilidade cromossômica
12 de setembro de 2005

Sílvia Rogatto, da Unesp, fala sobre os desequilíbrios que ocorrem em todas as células, inclusive as consideradas normais, e ajudam a explicar o desenvolvimento de vários tipos de câncer

Instabilidade cromossômica

Sílvia Rogatto, da Unesp, fala sobre os desequilíbrios que ocorrem em todas as células, inclusive as consideradas normais, e ajudam a explicar o desenvolvimento de vários tipos de câncer

12 de setembro de 2005

 

Por Eduardo Geraque, de Águas de Lindóia

Agência FAPESP - Ela ficou um tempo esquecida. Nos últimos anos, entretanto, vários trabalhos publicados pelo mundo voltaram a mostrar a importância da chamada instabilidade cromossômica. Esse processo, ao lado do acúmulo de alterações genéticas em múltiplas etapas, é responsável pelo desenvolvimento de tumores.

"Na verdade, essa instabilidade ocorre, em nível basal, em todas as células humanas, sejam de tumor ou não", disse Sílvia Regina Rogatto, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Botucatu, à Agência FAPESP.

As grandes alterações provocadas por erros em algumas das etapas da duplicação cromossômica precisam ser ainda muito mais bem entendidas, na visão da cientista. "Precisamos conhecer e estudar as conseqüências dessas instabilidades, inclusive nas células normais, antes de nas tumorais."

Provado que o câncer é uma doença geneticamente instável e, por isso, com um tratamento complexo, Sílvia Regina demonstrou sua preocupação com a utilização das células-tronco em eventuais terapias. "Um dos modelos existentes mostra que o tumor pode surgir de uma célula-tronco. Trabalhos feitos no exterior revelaram isso para o cérebro, por exemplo", disse.

Diante dessa possibilidade real, Sílvia Regina, protagonista de uma conferência no 51o Congresso Brasileiro de Genética, encerrado no último sábado (10/9) em Águas de Lindóia (SP), não cansou de repetir. "A mensagem que quero deixar é que precisamos ter cautela."

Como as células tronco adultas que já estão sendo utilizadas ficam um tempo congeladas nos bancos e depois são descongeladas para a aplicação, esse processo pode induzir a uma determinada instabilidade cromossômica que levaria, no futuro, ao desenvolvimento de um câncer. "Isso pode ocorrer. Assim também como o cultivo dessas células, que é enriquecido com certas substâncias carcinogênicas, pode levar à mesma conseqüência. Por isso a necessidade, mais uma vez, da palavra cautela."


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