Na abertura do seminário internacional Ciência, Tecnologia e Sociedade, em Brasília, cientistas debatem os desafios institucionais que surgem diante de novidades tecnológicas como os organismos geneticamente modificados (foto: Eduardo Cesar)

Inovações controversas
10 de dezembro de 2004

Na abertura do seminário internacional Ciência, Tecnologia e Sociedade, em Brasília, cientistas debatem os desafios institucionais que surgem diante de novidades tecnológicas como os organismos geneticamente modificados

Inovações controversas

Na abertura do seminário internacional Ciência, Tecnologia e Sociedade, em Brasília, cientistas debatem os desafios institucionais que surgem diante de novidades tecnológicas como os organismos geneticamente modificados

10 de dezembro de 2004

Na abertura do seminário internacional Ciência, Tecnologia e Sociedade, em Brasília, cientistas debatem os desafios institucionais que surgem diante de novidades tecnológicas como os organismos geneticamente modificados (foto: Eduardo Cesar)

 

Agência FAPESP – O debate sobre os transgênicos – ou a falta dele –, que ocorre na sociedade brasileira atualmente, está deixando passar uma significativa oportunidade para que ocorra uma verdadeira aprendizagem social no país.

Esse ponto de vista foi defendido por Julia Guivant, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), durante a abertura do seminário internacional "Ciência, Tecnologia e Sociedade: Novos Modelos de Governança", na quinta-feira (9/12), em Brasília.

O evento, que termina no sábado, é promovido pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), em parceria com a UFSC, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Os debates estão sendo transmitidos no site da Agência FAPESP. Para assistir, clique aqui.

"A trajetória do debate em torno dos transgênicos expõe um quadro polarizado entre coalizões heterogêneas, com diversas alianças em redes internacionais, a favor e contra a liberalização", disse Julia. Para a socióloga, a necessidade de uma maior democratização da ciência não significa que se deva negar essa própria ciência.

"É preciso que os próprios cientistas percebam que existem fatores culturais que permeiam o conhecimento científico", disse a pesquisadora durante o seminário, que contou com a participação de Carlos Vogt, presidente da FAPESP, e de Alan Irwin, reitor da Faculdade de Estudos Ambientais e Sociais da Universidade de Liverpool, na Inglaterra.

"Se por um lado os críticos aos OGMs (organismos geneticamente modificados) endossam o princípio de precaução, e os proponentes endossam o princípio da equivalência substancial, pode-se encontrar nos dois lados argumentos que apelam ao mesmo modelo standard e positivista de ciência e de gestão de riscos e inovações científicas", afirmou Julia.

Para a professora da UFSC, o debate sobre os transgênicos deveria estar muito mais democratizado e contando com uma maciça participação social. "Os argumentos não podem ser colocados como ideológicos. Existem espaços para as consultas públicas", acredita.

O representante da Universidade de Liverpool apresentou dez lições que podem ser retiradas das experiências européias de relacionar ciência, tecnologia e governança. Apesar de algumas delas ainda não poderem ser aplicadas no Brasil – porque o nível dessas discussões está bem atrasado por aqui –, outras podem ser aproveitadas. "Uma das lições diz respeito ao aprendizado das instituições. Normalmente, esse ponto é bastante negligenciado", afirmou Irwin.

Para Vogt, para que se avance em terrenos complexos, como o dos OGMs, não é apenas a questão da aprendizagem institucional que é fundamental. A discussão sobre o conhecimento científico em si, que deve ser diferenciado da tecnologia, é outra questão importante. "Todo conhecimento é útil. O importante é tomar as decisões corretas sobre essa utilidade", disse.


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