Antonio Carlos Campos de Carvalho, da UFRJ, apresenta em Florianópolis resultados de pesquisas com células-tronco (foto: E.Geraque)

Injeções de células-tronco
09 de setembro de 2004

Testes em laboratório mostram que a terapia com células-tronco em coração com insuficiência pós-isquêmica pode melhorar o funcionamento do órgão. Apesar dos resultados positivos, os cientistas têm mais dúvidas do que certezas

Injeções de células-tronco

Testes em laboratório mostram que a terapia com células-tronco em coração com insuficiência pós-isquêmica pode melhorar o funcionamento do órgão. Apesar dos resultados positivos, os cientistas têm mais dúvidas do que certezas

09 de setembro de 2004

Antonio Carlos Campos de Carvalho, da UFRJ, apresenta em Florianópolis resultados de pesquisas com células-tronco (foto: E.Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Florianópolis

Agência FAPESP - No modelo animal, no caso roedores de laboratório, o resultado é claro. Após induzir infartos e fazer um tratamento com células-tronco adultas retiradas da medula óssea, as conseqüências isquêmicas provocadas pela lesão no coração recuaram de forma positiva.

"Podemos dizer que houve uma regeneração tanto do músculo cardíaco como de vasos", disse Antonio Carlos Campos de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, à Agência FAPESP. O pesquisador participou de uma mesa-redonda sobre células-tronco nesta quarta-feira (8/9), no 50º Congresso Brasileiro de Genética, em Florianópolis.

As injeções do material celular foram feitas na borda das áreas do coração lesionadas pelo infarto provocado. A decisão de estudar isquemias cardíacas, segundo Carvalho, ocorreu por causa do grande impacto dessas doenças – respondem por cerca de 30% das mortes anuais em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde.

Os resultados positivos obtidos com a injeção de células-tronco da medula óssea em corações infartados também está sendo observado em seres humanos. Um estudo com 14 casos clínicos, também realizado pelo grupo de Carvalho, será apresentado nesta quinta-feira.

"Em humanos, os aspectos mecânicos do coração melhoraram. No caso da perfusão – chegada de sangue ao coração – ela melhora, mas depois piora em um intervalo de 12 meses", explicou o pesquisador. A resposta para a queda ainda é desconhecida.

Se no campo clínico os resultados aparecem e, mesmo assim, ainda estão longe de qualquer aplicação cotidiana, no campo da pesquisa básica as dúvidas são enormes. Uma das principais polêmicas das células-tronco é em relação ao mecanismo que elas passam quando são injetadas em um modelo animal ou no próprio ser humano.

"Não sabemos ainda se se trata de uma diferenciação – a célula tronco se alterando para desempenhar um novo papel – ou de uma fusão do material genético injetado com aquele que estava lá antes", disse Carvalho.

Responder a essa pergunta – e a cada mês surgem novas publicações defendendo uma ou outra versão – não se trata de algo secundário. Mesmo com os resultados clínicos sendo positivos é preciso se voltar aos estudos básicos e observar, realmente, o que está ocorrendo, argumenta o cientista. "Se for fusão, por exemplo, poderão surgir células com material genético duplicado e isso teria conseqüências difíceis de se prever", disse.


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