Fotografias microscópicas de infecções são registradas pela primeira vez por pesquisadores da Unifesp e ilustram capas de revistas científicas (foto: divulgação)

Infecções por agentes de leishmaniose e Chagas têm imagens inéditas
20 de maio de 2016

Fotografias microscópicas de infecções são registradas pela primeira vez por pesquisadores da Unifesp e ilustram capas de revistas científicas

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Fotografias microscópicas de infecções são registradas pela primeira vez por pesquisadores da Unifesp e ilustram capas de revistas científicas

20 de maio de 2016

Fotografias microscópicas de infecções são registradas pela primeira vez por pesquisadores da Unifesp e ilustram capas de revistas científicas (foto: divulgação)

 

Diego Freire  |  Agência FAPESP – Pesquisadores da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) obtiveram o registro fotográfico microscópico inédito de coinfecções pelos protozoários parasitas Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, e Leishmania amazonenses, responsável pela leishmaniose, dentro de uma célula infectada. Também foram registradas pela primeira vez na literatura científica formas vivas do Trypanosoma cruzi dentro de tecidos do intestino e do coração de camundongos.

A imagem da coinfecção foi escolhida para ilustrar a capa da edição de maio do periódico Infection and Immunity, publicado mensalmente pela American Society for Microbiology, enquanto a outra está na capa de junho da revista Cellular Microbiology.

As duas imagens foram obtidas em pesquisas conduzidas no âmbito do Projeto Temático “Biologia molecular e celular do parasitismo por Trypanosoma cruzi”, realizado com apoio da FAPESP, cujo objetivo é analisar diferentes linhagens do protozoário e de espécies de tripanossomos em mamíferos, contemplando estudos de evolução cromossômica.

O registro da coinfecção dentro do vacúolo parasitóforo, estrutura na qual o parasita se aloja dentro das células hospedeiras, foi possível graças a uma técnica utilizada durante o trabalho de mestrado “Formação de vacúolos quiméricos com Leishmania amazonenses e Trypanosoma cruzi e participação da subunidade D2 da ATPase vacuolar na biogênese dos vacúolos parasitóforos de Leishmania amazonenses”, de Carina Carraro Pessoa, realizado com Bolsa da FAPESP. O vacúolo contendo as duas espécies de protozoários parasitas foi aberto e seu conteúdo exposto pela ação de fita adesiva.

“Trata-se de uma técnica simples que se revelou bastante satisfatória. Uma fita adesiva colada na lâmina que continha a amostra, quando retirada, ‘rasgou’ o vacúolo e expôs seu conteúdo interno, permitindo que ele fosse fotografado por um microscópio eletrônico”, disse Renato Arruda Mortara, professor da disciplina de Parasitologia da EPM-Unifesp e coordenador do trabalho.

“A observação pode ampliar o conhecimento que se tem sobre processos de coinfecções, especialmente porque, como foi observado no trabalho, a diferenciação do T. cruzi pode ter lugar em vacúolos contendo Leishmania, sugerindo que isso ocorre antes da fuga do parasita para o citosol (líquido no interior das células dos seres vivos) da célula hospedeira”, explicou.

Já a capa da Cellular Microbiology traz imagens obtidas com a ajuda da proteína verde fluorescente (GFP, na sigla em inglês), introduzida nos parasitas por meio de transfecção – processo de introdução intencional de ácidos nucleicos nas células. Com capacidade de absorver e emitir luz, a GFP fica verde quando exposta a luz ultravioleta.

Após a infecção de tecidos do coração e do intestino de camundongos com os parasitas fluorescentes, as amostras foram seccionadas e os cortes, expostos a microscopia confocal, tecnologia utilizada para aumentar o contraste do registro microscópico e construir imagens tridimensionais.

As imagens foram utilizadas no trabalho de mestrado “Avaliação in loco da infecção aguda e crônica por tripomastigotas de Trypanosoma cruzi (TCI e TcVI) em camundongos isogênicos BALB/c e C57BL/6”, de Bianca Rodrigues Lima Ferreira.

“As imagens de determinadas cepas do protozoário vivo possibilitaram o estudo de diversas características do seu comportamento dentro dos tecidos do hospedeiro. Os resultados desses estudos forneceram informações moleculares importantes e que podem abrir novos caminhos para o desenvolvimento de novos fármacos contra o patógeno”, disse Mortara, que também orientou o trabalho.

Os resultados do mestrado foram relatados no artigo Trypanosoma cruzi: single cell live imaging inside infected tissues, publicado na Cellular Microbiology e assinado por Bianca Lima Ferreira, Cristina Mary Orikaza, Esteban Mauricio Cordero e Renato Arruda Mortara. O texto, destacado pela revista como “Editor’s Choice”, pode ser acessado em onlinelibrary.wiley.com/enhanced/doi/10.1111/cmi.12553.

Já o artigo Trypanosoma cruzi Differentiates and Multiplies within Chimeric Parasitophorous Vacuoles in Macrophages Coinfected with Leishmania amazonenses, capa da Infection and Immunity, de autoria de Carina Carraro Pessoa, Éden Ramalho Ferreira, Ethel Bayer-Santos, Michel Rabinovitch, Renato Arruda Mortara e Fernando Real, está disponível para assinantes em iai.asm.org/content/84/5/1603.abstract.
 

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