Pesquisa verifica a importância das instituições de ensino espacializadas para a inserção de portadores de deficiência visual no mercado de trabalho (foto: AFB)

Inclusão diferenciada
17 de março de 2006

Pesquisa apresentada na Fiocruz verifica a importância das instituições de ensino especializadas para a inserção de portadores de deficiência visual no mercado de trabalho

Inclusão diferenciada

Pesquisa apresentada na Fiocruz verifica a importância das instituições de ensino especializadas para a inserção de portadores de deficiência visual no mercado de trabalho

17 de março de 2006

Pesquisa verifica a importância das instituições de ensino espacializadas para a inserção de portadores de deficiência visual no mercado de trabalho (foto: AFB)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Muitas vezes a maior dificuldade enfrentada pelo deficiente visual não é a cegueira em si, mas a maneira preconceituosa com que a sociedade enxerga o problema. Essa é uma das conclusões da tese de doutorado de Carmelino Souza Vieira, apresentada no mês de fevereiro no Instituto Fernandes Figueira (IFF) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

"O maior problema é o desconhecimento da sociedade a respeito das potencialidades desses indivíduos. E essa falta de informação da sociedade gera preconceito", disse à Agência FAPESP o autor do trabalho Alunos cegos egressos do Instituto Benjamin Constant (IBC) e sua inserção comunitária.

Vieira é professor do IBC, também na capital fluminense, onde foi diretor de 1994 a 2003. Trata-se de um instituto de ensino fundamental para a educação de pessoas com deficiência visual, vinculado ao Ministério da Educação (MEC). O estudo, realizado entre 2002 e 2004, teve como base entrevistas com 87 ex-alunos do IBC que concluíram o ensino fundamental no período de 1985 a 1990.

O objetivo foi identificar as principais dificuldades encontradas em relação à continuidade dos estudos e às barreiras na hora de conseguir emprego. No momento da pesquisa, dos 87 ex-alunos analisados, 48 trabalhavam em estabelecimentos públicos (23 em instituições municipais, 15 estaduais e 10 federais), 11 em empresas privadas, 19 eram trabalhadores autônomos e nove estavam desempregados.

"Esses números de inserção no mercado são superiores à média das escolas públicas brasileiras. No grupo analisado, mais da metade havia concluído o ensino médio e muitos contavam com curso superior. Alguns estavam fazendo mestrado e um já havia terminado o doutorado", conta Vieira.

Mas o pesquisador ressalta que, no geral, a maioria dos jovens portadores de deficiências ainda enfrenta dificuldades em deixar a escola especializada e continuar os estudos em uma escola tradicional de nível médio ou universitário. Muitos acabam se tornando vítimas de preconceitos dos próprios alunos ou professores.

"Isso mostra a necessidade de novos cursos especializados para esse público no Brasil. Todos os ex-alunos do IBC entrevistados disseram que sem o apoio de educação especial, nos primeiros anos de estudo, eles não teriam galgado esse êxito no mercado de trabalho", afirma Vieira, destacando o programa Escola de Todos, do governo federal, como um ponto positivo nesse sentido.

"Espero que essa política não inclua apenas um grupo específico, mas consiga acolher também todos aqueles que estão fora da escola, sejam deficientes, índios, negros ou brancos", disse.

Segundo o pesquisador, a Organização Mundial da Saúde calcula que 10% da população mundial seja portadora de deficiência visual, o que inclui os cegos e as pessoas com baixa visão. No Brasil, há pelo menos 1,2 milhão de indivíduos nessas condições.


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