Incentivo à pesquisa nacional
11 de abril de 2005

Na seleção para financiamento do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, o primeiro colocado é um projeto brasileiro que pretende estudar a varíola bovina no Brasil. Estudo da Fiocruz receberá US$ 100 mil para caracterizar o vírus

Incentivo à pesquisa nacional

Na seleção para financiamento do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, o primeiro colocado é um projeto brasileiro que pretende estudar a varíola bovina no Brasil. Estudo da Fiocruz receberá US$ 100 mil para caracterizar o vírus

11 de abril de 2005

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Concorrendo com outros 13 projetos internacionais, uma pesquisa brasileira ficou em primeiro lugar da lista e foi selecionada para receber financiamento do Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos.

O projeto científico que pretende estudar a varíola bovina, doença que vem afetando as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil, será desenvolvido por pesquisadores do Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O estudo receberá US$ 100 mil do International Collaboration in Infectious Disease Research (ICIDR), programa do NIH que apóia estudos sobre doenças tropicais. A escolha da comissão científica do instituto se deu pelo mérito científico da pesquisa, pelo impacto social do estudo e após entrevista com os pesquisadores.

O objetivo do estudo será tentar detectar, isolar e caracterizar o tipo de vírus que tem causado a doença no país. "O vírus que iremos isolar foi utilizado na produção de vacinas durante a campanha de erradicação da varíola humana nas décadas de 1960 e 1970", explicou o coordenador da pesquisa, Flávio Guimarães da Fonseca, em entrevista à Agência FAPESP. "Trata-se de um vírus de laboratório que não deveria estar na natureza. De alguma forma ele escapou e se adaptou em algum organismo que ainda não conhecemos."

Embora não seja uma doença fatal, a varíola bovina atinge primeiramente o gado para depois contaminar os seres humanos. O pesquisador explica que a contaminação ocorre quando os ordenhadores entram em contato com as feridas provocadas pela doença nas mamas dos animais.

"Quando a infecção ocorre, os sintomas como febre e dor são tratados com antibióticos e normalmente ela some dentro de 15 a 20 dias", explica Fonseca. Ele acredita que o principal desafio do estudo financiado pelo NIH será identificar os prováveis hospedeiros que conseguem manter o vírus em atividade.

O levantamento será feito por meio de investigações epidemiológicas para verificar o tamanho da população de seres humanos e de animais em contato com o vírus. "A partir daí, poderemos concluir qual será o método menos arriscado: verificar se vale a pena eliminar o vírus ou simplesmente continuar tratando a população contaminada", disse.


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