Estudo revela a existência há 4,2 mil anos de uma sociedade complexa no sudeste do Uruguai, que plantava com auxílio de ferramentas (foto: J.Iriarte)

'Incas' uruguaios
03 de dezembro de 2004

Estudo publicado na Nature revela a existência há 4,2 mil anos de uma sociedade complexa no sudeste do Uruguai, que cultivava lavouras e apresentava níveis sofisticados de engenharia e arquitetura

'Incas' uruguaios

Estudo publicado na Nature revela a existência há 4,2 mil anos de uma sociedade complexa no sudeste do Uruguai, que cultivava lavouras e apresentava níveis sofisticados de engenharia e arquitetura

03 de dezembro de 2004

Estudo revela a existência há 4,2 mil anos de uma sociedade complexa no sudeste do Uruguai, que plantava com auxílio de ferramentas (foto: J.Iriarte)

 

Agência FAPESP - Uma sociedade agrícola sofisticada viveu na Bacia de La Plata, no Uruguai, há mais de 4,2 mil anos, muito antes do que se imaginava ter havido qualquer tipo de civilização na região. Até então, sempre se acreditou que o local, como a maior parte da América do Sul, teria sido habitado apenas por grupos que viviam da caça e da colheita, até a chegada dos espanhóis, no século 16.

A revelação é de um grupo de cientistas de instituições uruguaias e norte-americanas, liderados por José Iriarte, do Instituto Smithsoniano de Pesquisas Tropicais. O estudo foi publicado na edição de 2 de dezembro da revista Nature.

Escavações e a coleta de dados paleoecológicos e botânicos mostraram que a região de Los Ajos era composta de diversas habitações que circulavam uma praça central. Além disso, análises de fitolitos – plantas ou segmentos vegetais fossilizados – mostraram que seus habitantes plantavam milho, feijão, abóbora e tubérculos. Não havia registros de culturas agrícolas na parte sul do continente em período tão remoto.

Outro destaque é que a disposição arquitetônica do local durante o período cerâmico (de 3000 a.C. a 500 a.C.) era semelhante, mas anterior, à encontrada na região amazônica. Os cientistas identificaram níveis sofisticados de engenharia, planejamento e cooperação, o que revelaria uma nova e independente tradição arquitetônica na América do Sul.

Foram encontrados artefatos culturais espalhados por uma área de 12 hectares, o que sugere a presença de uma população de grande tamanho. Mas isso não é tudo. "Los Ajos estava longe de ser uma comunidade isolada no sudeste uruguaio. Nos dez quilômetros quadrados em torno do local havia comunidades semelhantes. Essas bem-sucedidas sociedades provavelmente estiveram integradas", disse Iriarte, em comunicado do Instituto Smithsoniano. O cientista acredita que a região foi palco de uma das maiores concentrações populacionais da América do Sul de antes do descobrimento.

O artigo "Evidence for cultivar adoption and emerging complexity during the mid-Holocene in the La Plata basin" pode ser lido no site da Nature, em: www.nature.com.


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