Impulso político para o milênio
04 de abril de 2005

Avaliação Ecossistêmica do Milênio, discutida em São Paulo, deve atingir os formadores de políticas públicas, segundo participantes do projeto. Para Rik Leemans, um dos responsáveis pela iniciativa, os desafios são enormes, mas não intransponíveis

Impulso político para o milênio

Avaliação Ecossistêmica do Milênio, discutida em São Paulo, deve atingir os formadores de políticas públicas, segundo participantes do projeto. Para Rik Leemans, um dos responsáveis pela iniciativa, os desafios são enormes, mas não intransponíveis

04 de abril de 2005

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - O primeiro mergulho científico de peso em direção ao estado dos ecossistemas de o todo mundo neste início de século não surpreendeu os participantes do projeto. Infelizmente. A Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM), que contou com a participação de 1.360 pesquisadores de diversos países, mostrou que a situação, como foi anunciada na semana passada, está bastante grave. Em todo o mundo, 60% dos ecossistemas estão sendo superexplorados.

Não bastasse isso, as perspectivas para os próximos 50 anos, em termos de serviços ambientais, são igualmente ruins, ou até piores, caso o estado das coisas não se altere. A apresentação feita na sexta-feira (1o/4) em São Paulo por Rik Leemans, pesquisador de ciências ambientais da Universidade de Wageningen, da Holanda, e co-presidente do grupo da AEM responsável pela análise de respostas ambientais, foi categórica.

"Nós podemos reverter essa situação negativa durante os próximos anos, mas as mudanças em termos de ações políticas devem ser radicais. E muito do que se necessita nem está em curso ainda", disse Leemans à Agência FAPESP.

Para o pesquisador, casos como o do controle da chuva ácida na Europa ou mesmo o recente esforço internacional pelo Protocolo de Kyoto são exemplos que devem ser levados em conta – e do lado positivo. "Os obstáculos são grandes, mas não intransponíveis", apontou o holandês, que participou do simpósio realizado no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen) sobre os resultados da AEM.

Nos quatro cenários apresentados por Leemans – "não são previsões, mas realidades plausíveis de ocorrer" – a situação melhora em três deles, desde que algumas áreas sejam consideradas prioritárias. Mais uma vez, a conclusão não chega a surpreender. "As nações que investirem em educação e tecnologia acabarão causando menos impacto, de forma indireta, sobre seus ecossistemas", afirma.

Além de ações políticas no âmbito geral, as análises publicadas agora pela Avaliação Sistêmica do Milênio – até 2006 dezenas de publicações serão divulgadas – ajudam a cristalizar outras tendências que vêm sendo apontadas por vários grupos de pesquisa em todo o mundo. "O envolvimento das comunidades tradicionais é fundamental", disse o pesquisador da Holanda.

Apesar do quadro apresentado, a avaliação geral de Leemans dos resultados do gigantesco processo de avaliação dos recursos naturais globais, feito por iniciativa da Organização das Nações Unidas, não é pessimista. "Temos que ser otimistas. E o tempo não é tão curto como pode parecer. Os discursos nesse sentido estão crescendo e precisam aumentar ainda mais", disse.


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