Ao avaliar influências de atividades vulcânicas na Islândia no fluxo do rio Nilo, estudo divulgado pela Nasa revela grandes diferenças entre os efeitos climáticos causados por erupções no hemisfério Norte e nos trópicos (foto: Nasa)

Impacto vulcânico
24 de novembro de 2006

Ao avaliar influências de atividades vulcânicas na Islândia no fluxo do rio Nilo, estudo divulgado pela Nasa revela grandes diferenças entre os efeitos climáticos causados por erupções no hemisfério Norte e nos trópicos

Impacto vulcânico

Ao avaliar influências de atividades vulcânicas na Islândia no fluxo do rio Nilo, estudo divulgado pela Nasa revela grandes diferenças entre os efeitos climáticos causados por erupções no hemisfério Norte e nos trópicos

24 de novembro de 2006

Ao avaliar influências de atividades vulcânicas na Islândia no fluxo do rio Nilo, estudo divulgado pela Nasa revela grandes diferenças entre os efeitos climáticos causados por erupções no hemisfério Norte e nos trópicos (foto: Nasa)

 

Agência FAPESP - Estudo divulgado pela Nasa, agência espacial norte-americana, indica evidências inéditas de que os impactos climáticos das grandes erupções vulcânicas são muito diferentes ao norte do equador e nos trópicos.

Pesquisadores descobriram que uma série de dez erupções do vulcão Laki, na Islândia, no século 18, causou mudanças significativas na circulação atmosférica na maior parte do hemisfério Norte. O evento gerou, no verão de 1783, temperaturas e padrões de precipitação pouco comuns, diminuindo as chuvas e causando um recorde de redução do nível de água do rio Nilo, na África.

O estudo, liderado por Luke Oman, da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, destaca que erupções em altas latitudes produzem mudanças na circulação atmosférica no verão do hemisfério Norte. Pesquisas anteriores apontaram que erupções nos trópicos influenciam o clima do inverno ao norte do Equador, mas sem muita intensidade.

Os pesquisadores acreditam que o achado possa melhorar as previsões climáticas a partir da observação da atividade vulcânica nas altas latitudes. Várias sociedades são dependentes de precipitação sazonal e as previsões podem ajudá-las a planejar os impactos.

Usando modelos computacionais desenvolvidos pelo Instituto Goddard de Estudos Espaciais, da Nasa, em Nova York, os pesquisadores constataram a ligação das erupções do Laki com uma série de efeitos em cascata, alterando as temperaturas e resultando num nível de precipitação abaixo do normal no Sahel, baixando os níveis de água do Nilo por um ano. O Sahel é uma faixa que vai do Oceano Atlântico ao "chifre" da África, consistindo numa área de savana entre o deserto do Saara e as terras férteis ao sul.

O impacto das erupções do Laki foi tão significativo, de acordo com os pesquisadores, porque soltou grandes quantidades de dióxido sulfúrico na atmosfera. Quando combinado com o vapor d’água, o gás forma pequenas partículas chamadas aerossóis, que reduzem a radiação solar incidente. Isso esfriou a temperatura média no hemisfério Norte em 3º C em 1783.


Verão mais frio

O processo foi simulado num modelo computacional. A análise dos anéis de árvores mostra significativa redução no crescimento naquele período, indicando o verão mais frio dos últimos 400 anos no noroeste do Alasca e dos últimos 600 anos em partes da Sibéria.

Essas temperaturas frias incomuns reduziram a diferença de temperatura entre as massas terrestres da Eurásia e África e os oceanos Índico e Atlântico, enfraquecendo as monções indianas e africanas. Em contraste com o esfriamento no hemisfério Norte, as simulações mostraram que as fracas monções causaram um aquecimento de 1ºC a 2°C no Sahel, na Índia e no sul da Península Arábica naquele período.

Os pesquisadores acreditam que as monções enfraquecidas reduziram a cobertura de nuvens na região, permitindo que mais energia solar atingisse a superfície, aumentando as temperaturas. A redução na cobertura de nuvens levou a um declínio nas chuvas de verão, causando secas nas cabeceiras dos rios Nilo e Níger.

Os pesquisadores observaram os recordes de seca do Nilo desde o ano 622. O maior recorde foi em 1783-1784, quando ocorreram as erupções do Laki. Recordes de seca semelhantes foram observados no rio Níger, depois da erupção do Monte Katmai, no Alasca, em 1912. E no ano 939 também houve uma seca no Nilo, após erupção do vulcão Eldgjá, na Islândia.

Diferentemente das erupções do Laki e Katmai, erupções igualmente fortes nos trópicos normalmente lançam aerossóis na atmosfera, que podem se espalhar pelo globo por até dois anos. A conseqüência é que erupções tropicais podem influenciar o clima ao redor do mundo, mas de maneira menos dramática.


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