Pesquisadores escoceses acreditam que o choque de um cometa teria levado a quedas bruscas de temperatura que provocaram grandes problemas na agricultura e levaram a fome à Europa há cerca de 1,5 mil anos
Pesquisadores escoceses acreditam que o choque de um cometa teria levado a quedas bruscas de temperatura que provocaram grandes problemas na agricultura e levaram a fome à Europa há cerca de 1,5 mil anos
De acordo com os cientistas, o motivo teria sido a colisão de um cometa, que provocou uma série de verões com temperaturas particularmente baixas entre os anos de 536 e 540. Os efeitos teriam sido similares aos causados por um inverno nuclear.
Os pesquisadores, ligados à Escola de Física e Astronomia da universidade escocesa, chegaram à conclusão após terem estudado anéis de crescimento de árvores. Tais anéis, que podem ser vistos em cortes longitudinais e representam os crescimentos anuais da planta, são mais perceptíveis em países de clima tropical, que contam com estações bem definidas.
Ao se chocar contra a atmosfera terrestre, o cometa teria explodido, deixando uma nuvem de cinzas e fuligem que bloqueou parte da luz solar incidente e ocasionou a queda na temperatura. O evento seria similar ao ocorrido em Júpiter em 1995, com o impacto do cometa Shoemaker-Levy-9.
Há poucas referências históricas disponíveis do período medieval em questão, conhecido como Idade das Trevas, mas diversas das existentes mencionam os problemas com as plantações e a conseqüente fome na população.
O choque do cometa no século 6 teria coincidido com a Peste Justiniana, que os historiadores consideram ter sido a primeira ocorrência da Peste Negra na Europa. Os pesquisadores escoceses acreditam que a praga tenha ocasionado efeitos tão devastadores, em tão pouco tempo, porque a população européia já estava enfraquecida pela fome.
O estudo verificou também que um pequeno cometa pode ter efeitos devastadores. Os cientistas calcularam que o impacto de um cometa com apenas 500 metros de diâmetro tem a capacidade de provocar o efeito de um inverno nuclear em todo o planeta. Até então, acreditava-se que apenas cometas com mais de um quilômetro representassem ameaças globais.
A pesquisa foi feita por Emma Rigby e Mel Symonds, em projeto coordenado por Derek Ward-Thompson. Os resultados foram publicados na edição de fevereiro do periódico Astronomy and Geophysics, da Sociedade Astronômica Real britânica.
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