Yurij Castelfranchi, do Labjor (foto: Eduardo Geraque)
Pesquisa, apresentada em São Paulo durante workshop sobre percepção pública da ciência, investigou como crianças e adolescentes italianas se relacionam com o conhecimento científico e com a figura do cientista
Pesquisa, apresentada em São Paulo durante workshop sobre percepção pública da ciência, investigou como crianças e adolescentes italianas se relacionam com o conhecimento científico e com a figura do cientista
Yurij Castelfranchi, do Labjor (foto: Eduardo Geraque)
Agência FAPESP - Entender aspectos subterrâneos das relações com a ciência presentes na mente de crianças e adolescentes italianas. Yurij Castelfranchi, do Laboratório de Jornalismo Avançado (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi a campo com esse objetivo bem definido. Em cidades do norte da Itália, o pesquisador selecionou grupos de crianças de oito anos e de adolescentes.
Para conseguir recolher as impressões das crianças, Castelfranchi utilizou recursos do tipo pedir para que elas fizessem desenhos. "Os estereótipos e arquétipos clássicos, tanto da ciência quanto do cientista, apareceram com freqüência no estudo", disse o pesquisador nascido na Itália.
Segundo Castelfranchi, muitas das construções infantis foram feitas a partir do imaginário midiático, com base em desenhos animados como Pokemón, por exemplo. "É interessante notar que idéias como hipótese, modelo, análise, experimento e projeto foram usadas, com linguagem própria das crianças, nos momentos dos entrevistados explicarem os desenhos que haviam feito", disse na apresentação realizada durante o workshop sobre "Percepção Pública da Ciência", encerrado nesta terça-feira (2/12), na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Uma dualidade marcante surgiu dos estudos feitos pelo pesquisador do Labjor. Ao mesmo tempo em que a ciência se mostrou "positiva", "poderosa", "ligada ao progresso", ela também, segundo o público pesquisado, foi vista como "agressiva", "negativa" e associada à idéia de "dominar o mundo".
"O ego do cientista e a conotação mágica do conhecimento foram outras idéias apresentadas pelas crianças", disse. Segundo Castelfranchi, os sedimentos míticos que podem ser evidenciados no estudo estão bastante claros. "O conhecimento é ligado à violação, ao poder e ao controle", disse. O estudo com grupos de pessoas, feito na Itália, foi realizado também com o objetivo de se desenvolver uma metodologia quali-quantitativa para se entender a percepção pública da ciência.
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