Filósofo canadense John Woods explica como métodos não instrumentais auxiliam no avanço do conhecimento científico (foto: F.Reynol)

Idealização e abstração
22 de dezembro de 2009

Filósofo canadense John Woods explica como métodos não instrumentais auxiliam no avanço do conhecimento científico

Idealização e abstração

Filósofo canadense John Woods explica como métodos não instrumentais auxiliam no avanço do conhecimento científico

22 de dezembro de 2009

Filósofo canadense John Woods explica como métodos não instrumentais auxiliam no avanço do conhecimento científico (foto: F.Reynol)

 

Por Fabio Reynol

Agência FAPESP – Distinguir o falso e suprimir o verdadeiro é, para a maior parte dos casos, indispensável para se fazer uma boa ciência cognitiva. A declaração provocativa foi feita por John Woods, professor da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá.

O filósofo participou na semana passada do Seminário “Raciocínio Baseado em Modelo em Ciência e Tecnologia”, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O evento foi realizado no âmbito do Projeto Temático Logical Consequence and Combinations of Logics – Fundaments and Efficient Applications apoiado pela FAPESP e coordenado por Walter Carnielli, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp.

Woods se refere a dois recursos utilizados pelo raciocínio baseado em modelo voltado à ciência: a idealização e a abstração. Segundo ele, ambos são distorções da realidade que acabam trazendo bons resultados para a investigação científica. “São essas distorções que os tornam interessantes”, disse.

Enquanto a idealização representa em demasia um fenômeno expressando aspectos considerados falsos, a abstração o sub-representa ao eliminar algumas variáveis em favorecimento de outras na tentativa de simplificar o problema. Um exemplo de idealização são problemas de física em que não é considerado o atrito das superfícies.

As ideias de Woods fazem um contraponto à imagem instrumentalista da ciência, de uma ferramenta para registrar a realidade por meio apenas de medições precisas e fiéis. Para ele, os modelos científicos de sucesso contêm distorções. “A distorção não é incompatível com a aquisição do conhecimento”, destacou.

A base estaria no próprio sistema de modelagem, que nunca será idêntico ao fenômeno representado. “Se algo com que um objeto se parece nunca será o próprio objeto, então dizer o que é esse objeto é o mesmo que afirmar o que ele não é”, disse Woods.

O filósofo criou um modelo representativo para explicar como tais modelos conseguem ser bem-sucedidos. Segundo ele, os conhecimentos resultantes desses processos modelados não são obtidos por instrumentos, mas por cognição, e ainda usam uma técnica contraintuitiva ao trabalhar com considerações irreais, idealizadas ou até mesmo falsas.

“Entender as coisas de maneira errada é um meio de entendê-las corretamente. É intrigante mesmo – e dá certo”, afirmou.

Além de Carnielli, coordenaram o seminário o professor Lorenzo Magnani, da Universidade de Pavia, e o professor Claudio Pizzi, da Universidade de Siena. As duas instituições italianas promoveram o evento em conjunto com a Unicamp.
 

  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.