O luxuoso Hotel Esplanada, no centro de São Paulo, era uma das referências arquitetônicas da cidade nos anos 20

Ícones hoteleiros
18 de agosto de 2005

Arquiteta da FAU conta como os hotéis de São Paulo acompanharam o crescimento econômico da cidade, passando de simples pousos de tropeiros a fornecedores de hospedagem luxuosa

Ícones hoteleiros

Arquiteta da FAU conta como os hotéis de São Paulo acompanharam o crescimento econômico da cidade, passando de simples pousos de tropeiros a fornecedores de hospedagem luxuosa

18 de agosto de 2005

O luxuoso Hotel Esplanada, no centro de São Paulo, era uma das referências arquitetônicas da cidade nos anos 20

 

Por Karin Fusaro

Agência FAPESP - Apesar de poucos, os hotéis da São Paulo das primeiras décadas do século passado servem como bons indicadores do desenvolvimento econômico e cultural da capital.

Como não lembrar do Hotel Excelsior, que alterou por completo o então chamado skyline da Avenida Ipiranga, recém-alargada no início dos anos 1940? E do famoso Hotel Esplanada, que na década de 1920 recebia empresários e artistas nos fundos do Theatro Municipal?

O Esplanada foi por um tempo o cartão-postal paulistano – hoje é a sede do Grupo Votorantim. Ele e o Excelsior são ícones marcados na história paulistana, pois antes deles não existia quase nada. A cidade recebia apenas imigrantes.

"São Paulo não era uma cidade muito atraente para a longa permanência de viajantes no início do século 20. Ela funcionava mais como passagem para quem chegava ou saía pela malha ferroviária em direção ao porto de Santos", disse a historiadora e arquiteta Ana Carla Monteiro à Agência FAPESP. Mestranda da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), ela pesquisa a implantação da rede hoteleira paulistana entre 1941 e 1970.

Enquanto o Rio de Janeiro teve um crescimento acelerado a partir da chegada da família real em 1808, a capital paulista manteve sua condição de vila por mais tempo. Os pousos de tropeiros ou hospedarias eram o que havia de acomodação na Vila de São Paulo naquela época, construídos nas proximidades dos acessos de estradas e dos edifícios importantes da cidade.

Inaugurada primeiramente no Bom Retiro e transferida para o Brás em 1887, a Hospedaria dos Imigrantes foi o primeiro estabelecimento de grande porte na cidade destinado à hospedagem, chegando a comportar 6 mil pessoas.

A instalação da Academia de Direito do Largo São Francisco, em meados do século 19, foi um dos acontecimentos que ajudaram a dar vigor a São Paulo. A academia fomentou a vida cultural e aumentou a demanda por alojamentos.

O Grande Hotel, construído na rua São Bento em 1878 e demolido em 1964, foi um dos mais notáveis marcos do período. Antes do início do século 20 ele era considerado por muitos o melhor hotel do país.


Maior e mais influente

Entre 1920 e 1930, as exportações de café propiciaram a capitalização de recursos e permitiram a formação das primeiras indústrias, criando um novo perfil urbano e econômico na cidade. Superada a crise de 1929, o crescimento populacional, o surgimento de espaços de interação (praças, teatros e cinemas), a melhoria do transporte público e a presença dos automóveis modificaram profundamente os costumes da sociedade.

O estilo arquitetônico dos hotéis começou na belle époque, passou pela art déco e chegou até a influência norte-americana, acompanhando a evolução da sociedade. Em meados dos anos 1950 a cidade tornou-se uma grande metrópole, com forte potencial turístico e, conseqüentemente, farta rede hoteleira.

De acordo com Ana Carla, o setor cresceu bastante por influência política. "Com as comemorações do quarto centenário da cidade, a prefeitura aprovou leis que isentavam de impostos os hotéis que fossem construídos até 25 de janeiro de 1954", afirmou a historiadora e arquiteta. Os novos edifícios reforçavam a idéia de cidade grande, já incorporando a presença de elevadores e garagens.

A grande metrópole que São Paulo virou nos anos 1950 contribuiu para uma reformulação dos hotéis e dos locais da cidade que poderiam abrigar os luxuosos e charmosos edifícios. "Em meados da década, os novos hotéis da metrópole não iriam desapontar as expectativas de São Paulo e seriam destaques por décadas na malha urbana e na vida social da cidade", disse Ana Carla.


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