Modelo estatístico para encontrar o ancestral comum levou em conta variáveis como as migrações
Estudo feito nos Estados Unidos mostra que o mais recente ancestral comum a toda a população mundial atual viveu não há dezenas de milhares de anos, mas há apenas 3 mil anos
Estudo feito nos Estados Unidos mostra que o mais recente ancestral comum a toda a população mundial atual viveu não há dezenas de milhares de anos, mas há apenas 3 mil anos
Modelo estatístico para encontrar o ancestral comum levou em conta variáveis como as migrações
"Embora não sejamos exatamente ‘irmãos’, os dados obtidos sugerem que somos todos primos distantes", conta Joseph Chang, professor do Departamento de Estatísticas da Universidade de Yale e um dos autores da pesquisa.
Os cientistas estabeleceram a base do estudo em um artigo anterior, no qual descreveram um modelo simplificado do usado agora, que não levava em conta dados complexos referentes a variáveis como geografia, migração e eventos históricos.
Segundo os cientistas, embora tais complexidades dificultem a pura análise matemática, foi possível integrá-las em uma simulação feita em computador. A análise pelo novo modelo simulou o transcorrer da história da humanidade nas mais diversas variáveis, processando dados sobre tipos de pessoas que viveram nos últimos 20 mil anos.
Os resultados da análise mostraram que o mais recente ancestral comum de toda a humanidade teria vivido há cerca de 3 mil anos. Segundo o estudo, em um certo momento na história, as pessoas podem ser divididas em dois grupos: ou são ancestrais comuns de todos os que vivem hoje ou suas linhagens desapareceram.
"Não importa a linguagem que falemos ou a cor de nossa pele: nós temos os mesmos ancestrais, que plantaram arroz nas margens do Yangtze, domesticaram cavalos nas estepes da Ucrânia, caçaram preguiças gigantes nas florestas da América do Sul e construíram as Grandes Pirâmides", disse Chang.
De acordo com o pesquisador, os resultados podem ser aplicados também para o futuro. "Dentro de pouco mais de dois mil anos, é provável que todos os habitantes do planeta descendam da maioria de nós", disse.
"A facilidade cada vez maior em obter dados genômicos de indivíduos e o elevado número de projetos de grande escala que estão catalogando variações na população certamente aumentarão a capacidade de testar hipóteses sobre a história humana", disse Jotun Klein, da Universidade de Oxford, em outro artigo na mesma edição da Nature, no qual analisa o estudo de Chang e colegas.
"Muitas questões interessantes poderão ser respondidas, como, por exemplo, quanto do material genético do ancestral universal foi passado à população atual. Ou, então, quando viveu o mais recente casal do qual toda a humanidade atual descenderia?", argumenta Klein.
O artigo Modelling the recent common ancestry of all living humans, de Douglas L. T. Rohde (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), Steve Olson e Joseph T. Chang, pode ser lido no site da Nature, em www.nature.com
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