Modelo estatístico para encontrar o ancestral comum levou em conta variáveis como as migrações

Humanidade tem ancestral recente
01 de outubro de 2004

Estudo feito nos Estados Unidos mostra que o mais recente ancestral comum a toda a população mundial atual viveu não há dezenas de milhares de anos, mas há apenas 3 mil anos

Humanidade tem ancestral recente

Estudo feito nos Estados Unidos mostra que o mais recente ancestral comum a toda a população mundial atual viveu não há dezenas de milhares de anos, mas há apenas 3 mil anos

01 de outubro de 2004

Modelo estatístico para encontrar o ancestral comum levou em conta variáveis como as migrações

 

Agência FAPESP - Simulações feitas em computador, baseadas em um novo modelo estatístico, mostraram que o ancestral comum à toda a humanidade não é tão velho como se imaginava. Cientistas norte-americanos descrevem na edição de 30 de setembro da revista Nature que tal indivíduo teria vivido há apenas 3 mil anos.

"Embora não sejamos exatamente ‘irmãos’, os dados obtidos sugerem que somos todos primos distantes", conta Joseph Chang, professor do Departamento de Estatísticas da Universidade de Yale e um dos autores da pesquisa.

Os cientistas estabeleceram a base do estudo em um artigo anterior, no qual descreveram um modelo simplificado do usado agora, que não levava em conta dados complexos referentes a variáveis como geografia, migração e eventos históricos.

Segundo os cientistas, embora tais complexidades dificultem a pura análise matemática, foi possível integrá-las em uma simulação feita em computador. A análise pelo novo modelo simulou o transcorrer da história da humanidade nas mais diversas variáveis, processando dados sobre tipos de pessoas que viveram nos últimos 20 mil anos.

Os resultados da análise mostraram que o mais recente ancestral comum de toda a humanidade teria vivido há cerca de 3 mil anos. Segundo o estudo, em um certo momento na história, as pessoas podem ser divididas em dois grupos: ou são ancestrais comuns de todos os que vivem hoje ou suas linhagens desapareceram.

"Não importa a linguagem que falemos ou a cor de nossa pele: nós temos os mesmos ancestrais, que plantaram arroz nas margens do Yangtze, domesticaram cavalos nas estepes da Ucrânia, caçaram preguiças gigantes nas florestas da América do Sul e construíram as Grandes Pirâmides", disse Chang.

De acordo com o pesquisador, os resultados podem ser aplicados também para o futuro. "Dentro de pouco mais de dois mil anos, é provável que todos os habitantes do planeta descendam da maioria de nós", disse.

"A facilidade cada vez maior em obter dados genômicos de indivíduos e o elevado número de projetos de grande escala que estão catalogando variações na população certamente aumentarão a capacidade de testar hipóteses sobre a história humana", disse Jotun Klein, da Universidade de Oxford, em outro artigo na mesma edição da Nature, no qual analisa o estudo de Chang e colegas.

"Muitas questões interessantes poderão ser respondidas, como, por exemplo, quanto do material genético do ancestral universal foi passado à população atual. Ou, então, quando viveu o mais recente casal do qual toda a humanidade atual descenderia?", argumenta Klein.

O artigo Modelling the recent common ancestry of all living humans, de Douglas L. T. Rohde (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), Steve Olson e Joseph T. Chang, pode ser lido no site da Nature, em www.nature.com


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