Hubble em perspectiva

O astrônomo Augusto Damineli lança quinta-feira (14/8), na Estação Ciência da USP, o livro Hubble – A Expansão do Universo. Em entrevista à Agência FAPESP, o cientista fala sobre seu novo livro, a estrela Eta Carinae, cujo recente apagão foi previsto por ele, e divulgação científica

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - O tema da palestra do astrônomo Augusto Damineli, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), é sugestivo. Na quinta-feira (14/8), às 20h, na Estação Ciência, da USP, o cientista falará sobre A Estrela Eta Carinae e seus Mistérios. O evento marca também o lançamento do livro Hubble – A Expansão do Universo, da editora Odysseus.

"Resolvi escrever sobre Hubble (o astrônomo americano Edwin Hubble, 1889-1953) por três motivos", explicou. "Trata-se de um personagem muito controvertido, nada correto politicamente. Ele é também um cientista típico dos tempos modernos, com defeitos muito parecidos com o que os jovens que entrarem no mundo acadêmico vão encontrar". O terceiro motivo, mas não o menos importante, segundo Damineli, também foi essencial para a escolha. "A contribuição dele para a ciência tem sido exagerada e achei que devia colocar isso em uma perspectiva correta", disse.

No lançamento do livro, Damineli pretende falar sobre uma de suas grandes paixões, a estrela Eta Carinae, que merece a atenção científica do pesquisador desde 1989. Foi difícil para ele conseguir fazer com que a comunidade científica acreditasse na sua teoria e em seus cálculos sobre o corpo celeste. Vários mistérios continuam rondando a Eta Carinae mas, depois do último apagão que ela sofreu dia 29 de junho, algumas coisas mudaram - e de forma contundente.

"Depois do último apagão, ninguém mais sustenta a posição de que Eta Carinae é uma estrela isolada. O sistema duplo tem ampla aceitação, embora tenhamos que explicitar muitos detalhes ainda", disse. "Os dados que acumulamos no apagão são tantos que serão necessárias duas ou três décadas para que se esgotem", contou o cientista que nasceu em Ibiporã, norte do Paraná, onde quando menino trabalhou como lavrador e bóia-fria. O apagão foi previsto por Damineli, apesar de poucos astrônomos terem acreditado. Deveriam, pois ele havia feito o mesmo em 1997.

"Na palestra de quinta-feira, falarei sobre a natureza dessa estrela, que é a mais luminosa que se conhece. Vou mostrar também como os apagões podem ser usados para que a conheçamos melhor", disse. A relação entre o ciclo das estrelas com a vida e a morte também faz parte da apresentação.

A filosofia pessoal de Augusto Damineli e da Estação Ciência da USP são muito próximas. Cientista e instituição buscam levar as pesquisas científicas, e suas descobertas, direto para a sociedade. "Seguindo a inspiração de Galileu, fiz um esforço extra para colocar a pesquisa ao alcance do público, por intermédio da internet e da imprensa", diz. "Acho que todo projeto de pesquisa deveria reservar 10% de recursos para a divulgação."

Para Damineli, recursos como esses seriam fundamentais para manter a ciência muito mais viva. "Quem sabe, com isso, algum jovem não chegaria ao Prêmio Nobel em um futuro próximo. Mais que o valor em si, seria um incentivo para atrair à ciência os melhores talentos que existem na juventude brasileira."

A Estação Ciência fica na rua Guaicurus, 1.394, no bairro da Lapa. As inscrições para a palestra são gratuítas e poderão ser feitas pelo email [e-mail] ou pelo telefone 11-3675-8828.

Conheça mais sobre o trabalho do astrônomo Augusto Damineli: www.astro.iag.usp.br/~damineli