O russo Grigory Perelman, que teria resolvido brilhantemente a conjectura de Poincaré, um dos maiores enigmas da matemática, recusa o maior prêmio da área, a Medalha Fields (foto: UIM)
O russo Grigory Perelman, que teria resolvido brilhantemente a conjectura de Poincaré, um dos maiores enigmas da matemática, recusa o maior prêmio da área, a Medalha Fields
O russo Grigory Perelman, que teria resolvido brilhantemente a conjectura de Poincaré, um dos maiores enigmas da matemática, recusa o maior prêmio da área, a Medalha Fields
O russo Grigory Perelman, que teria resolvido brilhantemente a conjectura de Poincaré, um dos maiores enigmas da matemática, recusa o maior prêmio da área, a Medalha Fields (foto: UIM)
O russo Grigory Perelman, 40 anos, considerado um gênio por ter resolvido um problema que intriga os maiores matemáticos do mundo há um século, a conjectura proposta pelo francês Henri Poincaré (1854-1912), recusou a medalha, considerada o Nobel do setor – o Prêmio Nobel não tem a matemática entre suas categorias. Foi a primeira vez que um ganhador recusou a distinção.
Em 2002, Perelman, então no Instituto Steklov de Matemática da Academia Russa de Ciências, deu início à publicação de uma série de artigos em periódicos eletrônicos, seguida por palestras em universidades dos Estados Unidos, em que descrevia como resolveu o problema centenário. A descrição é tão complexa que ainda não pôde ser confirmada em sua totalidade, mas vários dos principais matemáticos do mundo concordam que a solução foi conseguida.
Perelman, que vive em um pequeno apartamento em São Petersburgo com a mãe, recusou-se a comentar a recusa. O matemático russo recusou anteriormente outros prêmios e ofertas para lecionar em universidades como Princeton e Stanford, nos Estados Unidos. Ele teria dito que não aceitará o US$ 1 milhão oferecido pelo Instituto de Matemática Clay a quem resolvesse a conjectura de Poincaré.
Concedida a cada quatro anos, os outros ganhadores da Medalha Fields anunciados em Madrid foram Andrei Okounkov, da Universidade de Princeton, Terence Tao, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, e Wendelin Werner, da Universidade de Paris.
O presidente da União Internacional de Matemática, John Ball, visitou Perelman em junho, quando tentou convencê-lo a aceitar a Medalha Fields, mas o russo declinou a oferta. Mesmo com a recusa, a instituição decidiu manter o nome de Perelman na relação de ganhadores.
A conjectura de Poincaré, proposta em 1904, propõe que qualquer superfície simplesmente conexa, sem buracos, pode ser deformada até se transformar em uma esfera. A questão consiste em saber se os cálculos bidimensionais podem ser modificados para responder a questões semelhantes sobre espaços tridimensionais ou outros. Poincaré achava que sim, mas não provou matematicamente a conjectura.
A conjectura foi demonstrada em 1960 para cinco ou mais dimensões, por Stephen Smale, hoje no Instituto Tecnológico Toyota, em Chicago. Em 1983, outro norte-americano, Michael Freedman, fez o mesmo para quatro dimensões.
Os dois ganharam a Medalha Fields pelos trabalhos, mas a prova tridimensional estava aberta até agora. Perelman resolveu a conjectura por meio de uma técnica conhecida como Ricci, que reduz irregularidades em uma superfície e transforma superfícies em formas mais simples.
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