História no fundo da baía
08 de setembro de 2004

Por meio da análise de pólens fósseis obtidos de sedimentos retirados da Baía de Guanabara, pesquisadores do Rio de Janeiro tentam conhecer melhor a vida e o meio ambiente há 4,2 mil anos

História no fundo da baía

Por meio da análise de pólens fósseis obtidos de sedimentos retirados da Baía de Guanabara, pesquisadores do Rio de Janeiro tentam conhecer melhor a vida e o meio ambiente há 4,2 mil anos

08 de setembro de 2004

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Há 4,2 mil anos, o clima na região era semelhante ao atual: quente e úmido. A floresta tropical é que era muito mais densa e exuberante na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Apesar de naquele tempo já existir a presença de seres humanos no local, não havia uma alteração ambiental significativa na área, como a ocorrência de queimadas por exemplo.

As afirmações derivam da análise de pólens fósseis feita por Monika Barth, do Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e mais três colaboradoras. O material estava misturado aos sedimentos retirados a 2,22 metros de profundidade de um testemunho – como os geólogos chamam a coluna de solo retirada do fundo da baía – com 2,42 metros de comprimento.

“Trata-se do primeiro testemunho de sedimentos da Baía de Guanabara que é analisado tendo uma datação em sua base”, disse Monika, à Agência FAPESP. A sondagem foi feita dois quilômetros ao norte da Ilha de Paquetá, por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense, que depois cederam parte do material de estudo para outros grupos de pesquisa.

A análise do material estudado pela equipe de Monika está publicado no artigo Pollen record and paleoenvironment of a 4210 years B.P. old sediment in the Bay of Guanabara, Rio de Janeiro, Brazil, na edição atual dos Anais da Academia Brasileira de Ciências.

Pelas espécies de pólens encontradas, as cientistas podem afirmar também que a composição da vegetação daquela área, há 4,2 mil anos, era diferente da descrita, por exemplo, para o litoral do Estado de São Paulo. Os sambaquis, bastante comuns em algumas áreas do litoral paulista, não foram encontrados na amostragem. “Mas isso não surpreende, porque, provavelmente, a área analisada sempre esteve sob as águas”, explica Monika.

A ausência de pólens relacionados com espécies ligadas à agricultura, como o milho, ou a plantas comuns de áreas devastadas é que garante a afirmação de que não havia devastação ambiental na Baía de Guanabara há 4,2 mil anos. Segundo a cientista do Rio de Janeiro, o estudo e a datação de amostras mais recentes – mais para o topo do testemunho – já detectaram a influência humana na região. O novo trabalho ainda será publicado nos próximos meses.

Para ler o artigo na biblioteca virtual SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.


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