Com dados enviados pela Venus Express, astrônomos descobrem na atmosfera do planeta presença de radical que, na Terra, tem papel fundamental na eliminação de poluentes
Com dados enviados pela Venus Express, astrônomos descobrem na atmosfera do planeta presença de radical que, na Terra, tem papel fundamental na eliminação de poluentes
A hidroxila, formada por um átomo de hidrogênio e um de oxigênio, foi identificada a cerca de 100 quilômetros da superfície de Vênus por meio do Virtis, espectrômetro instalado na sonda. Segundo os responsáveis pelo estudo, a descoberta será importante para compreender o funcionamento da densa atmosfera do planeta.
Elusivo, o radical foi detectado após os integrantes da missão terem apontado o instrumento não para Vênus, mas para uma pouco visível camada da atmosfera em volta do planeta. A hidroxila foi identificada por meio da medição da luz infravermelha dispersa pela camada.
A faixa da atmosfera na qual o composto está presente é muito fina, com apenas 10 quilômetros de largura. A descoberta será descrita na edição de 1º de junho da revista Astronomy & Astrophysics Letters.
De acordo com os pesquisadores, a hidroxila é muito importante para a atmosfera de um planeta por ser altamente reativa. Na Terra, ela tem um papel fundamental na eliminação de poluentes na atmosfera. Em Marte, suspeita-se que a hidroxila ajude a estabilizar o dióxido de carbono na atmosfera, evitando que se transforme em monóxido.
Na Terra, estima-se que o brilho promovido pela hidroxila na atmosfera esteja intimamente relacionado com a abundância de ozônio. Segundo os pesquisadores da Venus Express, o mesmo deve ocorrer na atmosfera venusiana.
"A Venus Express tem nos mostrado que Vênus é muito mais parecido com a Terra do que imaginávamos. E a detecção de hidroxila é mais uma mostra dessa similaridade", disse Giuseppe Piccioni, do Instituto de Astrofísica Espacial e Física Cósmica, na Itália, e principal investigador do Virtis.
O radical já foi identificado ao redor de cometas, mas com um método de produção completamente diferente do que ocorre nos planetas.
"Como a atmosfera venusiana não foi estudada extensivamente até a chegada da Venus Express, não tínhamos como confirmar a maior parte do que nossos modelos diziam. A observação do que realmente está ocorrendo nos ajudará a refinar nossos modelos e a aprender muito mais sobre o planeta", disse Piccioni.
O artigo First detection of hydroxyl in the atmosphere of Venus, de Giuseppe Piccioni e outros, poderá ser lido por assinantes da Astronomy & Astrophysics Letters em www.aanda.org.
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