Estudo realizado com a planta Arabidopsis, publicado na Nature, revela uma descoberta inusitada: essa espécie de agrião consegue reescrever o código genético que herdou da geração anterior
Estudo realizado com a planta Arabidopsis, publicado na Nature, revela uma descoberta inusitada: essa espécie de agrião consegue reescrever o código genético que herdou da geração anterior
Estudando a planta modelo Arabidopsis – essa espécie de agrião foi o primeiro vegetal a ter um seqüenciamento genético encerrado, em 2000 –, os cientistas descobriram uma herança nem um pouco ortodoxa. Eles verificaram que a Arabidopsis tem a capacidade de reescrever seu código genético herdado da forma tradicional.
Nesse processo de reversão, que ainda permanece desconhecido, o genoma da planta estudada volta a ser igual ao das segundas ou terceiras gerações. É como se, em vez de se parecer com os pais, o vegetal, do ponto de vista genético, estivesse mais próximo aos avós e bisavós.
Os pesquisadores apenas descobriram que esse processo existe, mas eles não conseguiram detalhar todas as etapas da reversão. Um dos próximos passos agora é decifrar como o vegetal guarda as informações das gerações anteriores a de seus ascendentes diretos.
Uma das suspeitas é que isso seja feito pelas moléculas de RNA. O processo, muito provavelmente, seria deflagrado em uma emergência, para reparar alguma mutação potencialmente perigosa do genoma convencional.
O estudo, que analisou uma planta homozigota para alelos mutantes e recessivos do gene conhecido como hothead, descreve o processo como uma forma totalmente nova de processar as informações genéticas. Para os pesquisadores, apesar de ter sido detectada em vegetais, não está descartada a hipótese de que a mesma reversão possa ocorrer em outros grupos de seres vivos.
O artigo Genome-wide non-mendelian inheritance of extra-genomic information in Arabidopsis, de Susan J. Lolle, Jennifer L. Victor, Jessica M. Young e Robert E. Pruitt, todos do Departamento de Botânica e Patologia de Plantas da Universidade de Purdue, pode ser lido no site da Nature, em www.nature.com
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